Paris, França - O novo texto submetido nesta quarta-feira (9/12) aos 195 países negociando em Le Bourget um acordo contra a mudança climática comporta ainda, a dois dias da conclusão oficial da COP21, "o pior como o melhor", avaliou o Greenpeace, resumindo o sentimento manifestado pelas ONGs.
"Ainda estamos com um texto que comporta o pior como o melhor, e 24 horas antes do final desta COP, isso é ainda mais preocupante", reagiu o diretor-geral do Greenpeace França, Jean-François Julliard, sobre o projeto de acordo de 29 páginas.
"Ainda há muito a ser feito, chegamos a um momento crucial", ressaltou a diretora da Oxfam, Helen Szoke, que convidou os ministros presentes em Le Bourget, perto de Paris, a "esquecer seus projetos para o final de semana e tentar obter o melhor acordo possível para os mais pobres".
As ONGs estimam que o texto não toca em assuntos essenciais para eles, como os financiamentos que os países mais pobres beneficiarão para enfrentar os impactos do aquecimento ou os objetivos de redução dos gases de efeito estufa a longo prazo.
Os compromissos assumidos atualmente para os países colocam o planeta num aquecimento de cerca de 3;C com relação à época pré-industrial, ultrapassando o objetivo de %2b2;C previsto nas negociações anteriores.
Para os países na linha de frente contra os impactos do aquecimento, "um acordo a 3;C é um acordo perigoso", ressaltou a diretora da Oxfam.
"Os estados continuam debatendo os objetivos de longo prazo, mas no final das contas não se dão os meios de atingi-los", lamentou Célia Gautier, da Rede Action Climat França, para quem esse novo texto comporta "ainda mais" opções.
"Nosso sentimento é que quase tudo o que ainda é necessário para um acordo ambicioso e sustentável ainda está em suspenso", segundo Jennifer Morgan, responsável pelo clima no World Resources Institute (WRI), un think tank americano.
Nicolas Hulot, representante do presidente francês François Hollande para o clima, dramatizou as questões com a aproximação do fechamento: "Temos 24 horas para estendermos a mão para a confiança, à esperança, à história", ressaltou, insistindo na necessidade dos países reverem o mais cedo possível, e para cima, seus compromissos de redução.