Riade, Arábia Saudita -
Os principais grupos da oposição síria chegaram nesta quinta-feira a um acordo sobre os princípios básicos das negociações com o regime de Bashar al-Assad em vista de uma solução política na Síria, mas exigiram a saída do chefe de Estado.
"Alcançamos um acordo sobre uma visão unificada do processo de solução e sobre uma alta instância das negociações" com o regime, declarou Souheir al-Atasi, líder da Coalizão Nacional, principal membro político da oposição com sede em Istambul.
Outros dois opositores confirmaram o acordo, assinado pelos participantes da conferência de Riad.
Contudo, os grupos exigiram a saída de Assad no início de um eventual período de transição.
No comunicado final que a AFP obteve acesso, os participantes exigem que "Bashar e seu bando se retirem do poder no início do período de transição política" na Síria.
Movimentos políticos e grupos armados da oposição síria se reuniram na capital da Arábia Saudita, que tem um papel de facilitador no processo de paz na Síria.
A reunião, presidida por Abdulaziz Sager, um saudita que dirige o Gulf Research Centre em Genebra, aconteceu a portas fechadas em um um hotel luxuoso de Riad.
No comunicado final publicado após as discussões, os participantes se disseram "prontos a entrar em negociações com representantes do regime com base na declaração de Genebra 1 (30 de junho de 2012) e nas resoluções internacionais pertinentes (...) em um prazo a ser definido com a ONU".
A conferência de Genebra 1 entre as grandes potências evocou uma transição na Síria, mas não definiu o futuro de Assad.
Este é o primeiro encontro com estas características desde o início do conflito sírio em 2011, uma guerra que provocou 250.000 mortes e forço a fuga de milhões a partir para o exílio.
Representantes políticos e militares da oposição exigiram além da saída de Assad, "medidas de confiança para iniciar o processo", citando a libertação de detidos, a suspensão de condenações à morte, a facilitação do fornecimento de ajuda humanitária, o retorno dos refugiados e o fim dos bombardeios das áreas civis.
Antes do fim da conferência, o secretário de Estado americano, John Kerry, considerou que o diálogo acontecia de "maneira muito construtiva".
Por sua vez, o Irã, aliado do regime sírio, denunciou a reunião de Riad. Os países que tentam ajudar no processo (Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita, Irã e países europeus) estabeleceram um calendário que prevê um encontro a partir de 1; de janeiro entre representantes da oposição síria e o regime de Damasco, antes de um cessar-fogo, a formação de um governo de transição em seis meses e a celebração de eleições em um prazo de 18 meses.
A próxima reunião internacional deveria acontecer em 18 de dezembro em Nova York.
A oposição síria tenta superar suas divisões com o encontro.
A reunião de Riad conta com uma "ampla participação de grupos opositores de dentro e fora da Síria", informou a agência SPA. Estão excluídas as organizações consideradas "terroristas" como os jihadistas rivais do grupo Estado Islâmico (EI) e da Frente Al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda.
Os grupos curdos não foram convidados e organizaram na Síria uma reunião paralela com outros movimentos opositores sobre o futuro político do país.
Assad conta com o apoio do Irã e da Rússia, país que realiza bombardeios aéreos há dois meses na Síria, independentes dos ataques da coalizão internacional contra o EI liderada por Washington.
Ahrar al-Sham insistia na necessidade de derrubar o regime sírio, desmantelar os serviços militares e de segurança, preservar a unidade do país e rejeitar o confessionalismo.
Vinte integrantes da Coalizão Nacional Síria, a principal componente política da oposição, com base em Istambul, participam na reunião, que coincide com o encontro anual das monarquias do Golfo, também em Riad.