Santiago, Chile - Em 25 anos de democracia, 1.373 ex-agentes da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) foram acusados e condenados pela justiça chilena por violações aos direitos humanos realizadas durante esse regime, informou nesta quinta-feira o Ministério do Interior.
"Até 1; de dezembro de 2015, 1.373 ex-agentes haviam sido processados, acusados e condenados", dos quais 117 estão cumprindo pena de prisão efetiva, indicou o balanço anunciado pelo Programa de Direitos Humanos do Ministério do Interior.
"Ainda temos muito trabalho pela frente porque de todas essas causas, e considerando o número de condenações, muitos processos estão em estágio inicial", disse Sebastián Cabezas, diretor do programa, após apresentar o balanço na data em que se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Durante sua ditadura, Pinochet formou organismos repressivos de inteligência, como a Central Nacional de Inteligência (CNI), a polícia que sucedeu à temida Direção Nacional de Inteligência (DINA) e cujos agentes foram responsabilizados por mais de 3.200 mortes e desaparecimentos e 38 mil torturas durante o regime militar.
O relatório indica que dos acusados, 110 estão cumprindo pena em Punta Peuco, uma prisão especial para ex-oficiais, criada em 1995 nos arredores de Santiago e que organizações de vítimas exigem o encerramento há anos, com o intuito de transferir os detidos a prisões comuns.
O balanço também indica que dos condenados, 46 morreram, cinco têm benefícios penitenciários e seis usufruem de liberdade condicional.
O programa de Direitos Humanos criticou as diminuições de pena que a justiça adotou nos casos de violadores dos direitos humanos, e a prescrição das ações que "não procedem", afirmou Rodrigo Lledó, advogado desta entidade.
Seguem em aberto mais de mil causas contra ex-agentes da ditadura, enquanto 1.036 famílias de vítimas foram atendidas pelo Estado chileno, das quais 80 receberam restos mortais de seus entes desaparecidos.