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Coalizão liderada por sauditas bombardeia escolas no Iêmen, diz Anistia

o relatório intitulado "Nossas crianças são bombardeadas", a Anistia afirma que ocorreram ao menos cinco ataques aéreos contra escolas entre agosto e outubro de 2015, que mataram cinco civis e feriram outros 14

Agência France-Presse
postado em 11/12/2015 10:55

Dubai, Emirados Árabes Unidos - A coalizão sob o comando da Arábia Saudita realizou uma série de ataques aéreos que atingiram escolas no Iêmen, violando o direito humanitário internacional, denunciou nesta sexta-feira (11/12) a Anistia Internacional.

[SAIBAMAIS]A organização de defesa dos direitos humanos destacou que as forças da coalizão são armadas por países como Estados Unidos e Grã-Bretanha, e exortou todos os Estados a "suspender a entrega de armamentos" utilizados para cometer "crimes de guerra". De uma maneira geral, a coalizão árabe, que intervém desde março no Iêmen, afirma que tais operações são exclusivamente dirigidas contra os rebeldes e jamais visam a população civil.

No relatório intitulado "Nossas crianças são bombardeadas", a Anistia afirma que ocorreram ao menos cinco ataques aéreos contra escolas entre agosto e outubro de 2015, que mataram cinco civis e feriram outros 14, incluindo quatro crianças. Em certos casos, as escolas foram atacadas mais de uma vez, o que faz pensar que eram alvos deliberados da coalizão, destaca a organização com sede em Londres.

Apesar da ausência de alunos durante os ataques, os bombardeios provocaram uma série de danos aos prédios, com consequências a longo prazo para as crianças, denunciou a Anistia. Os danos prejudicaram o ensino de mais de 6.500 crianças nas províncias de Hajjah, Hodeida e Sanaa.

A Anistia destaca que não há qualquer prova, nos cinco casos, de que as escolas eram utilizadas para finalidades militares. "As escolas têm um papel central na população civil, elas estão lá para oferecer um espaço às crianças", destacou Lama Fakih, conselheira da Anistia Internacional, lamentando o prosseguimento da transferência de armamentos por parte de Estados Unidos e outros aliados da Arábia Saudita.

Em novembro passado, Washington anunciou a venda para a Arábia Saudita de 12 mil bombas de 200 kg a 900 kg, 1.500 "bunker busters" - para destruir posições fortificadas ou subterrâneas - e 6.300 bombas guiadas do tipo Paveway II e Paveway III. O valor total do contrato foi de 1,3 bilhão de dólares.



O conflito no Iêmen já deixou mais de 5.700 mortos, quase a metade civis, e cerca de 25 mil feridos, segundo estimativas da ONU. A guerra envolve os rebeldes xiitas huthis, apoiados pelo Irã, e as forças leais ao presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi, aliado da Arábia Saudita e de outros países árabes.

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