Base Naval da Baía de Guantánamo, Cuba - O horror vivido em 11 de setembro de 2001 dominou, nesta sexta-feira, o julgamento preliminar de cinco acusados na corte militar de Guantánamo, os chamados "cinco 11/9", que seriam os responsáveis pelos atentados que mataram quase 3.000 pessoas. Esse julgamento pode levar anos, um dos mais longos na história americana.
O paquistanês Khalid Sheikh Mohamed, que admitiu publicamente ser o principal organizador dos atentados, seu sobrinho Ali Abd al Aziz Ali, os iemenitas Walid bin Attash e Ramzi Binalshibh, e o saudita Mustafa al-Hawsawi podem ser condenados à pena de morte, se forem declarados culpados.
Nas audiências, o promotor Bob Swann rejeitou que a defesa apresentasse uma moção para que o caso fosse anulado, argumentando que o presidente Barack Obama e outros funcionários de alto perfil deram declarações, nas quais, aparentemente, dão como certo que os réus já são culpados.
"Este processo está minado pelo cheiro pútrido de todas as influências, das quais foi objeto", denunciou Walter Ruiz, advogado de defesa de Al-Hawsawi.
Swann criticou esses argumentos, alegando que "é de se esperar que o líder dessa nação (...) tenha algo a dizer quando 19 homens sequestram aviões e os lançam contra edifícios".
"Ninguém pode, nem deveria pensar em que o presidente dos Estados Unidos deva manter-se em silêncio quando 2.976 valiosas vidas foram roubadas", manifestou.
O promotor Bob Swann descreveu "o choque e o sofrimento sem precedentes" causados pelo 11 de Setembro e recorreu a uma linguagem bastante gráfica para relatar as mortes de centenas de socorristas e vítimas.
Enquanto isso, a defesa apresentou uma longa lista de queixas sobre o comportamento do governo, começando pela tortura de seus clientes nos primeiros anos de captura, ou denunciando que as reuniões entre advogados de defesa e acusados foram grampeadas.
A defesa espera conseguir, ao menos, dissuadir o juiz do caso, James Pohl, de sentenciar a pena de morte.
As audiências de pré-julgamento desta semana foram dominadas pela questão sobre se guardas mulheres deveriam escoltar os presos, o que seria inadequado em sua condição de muçulmanos.