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Sob liderança de Marine Le Pen, Frente Nacional vai para o centro político

De olho na presidência, a nova líder enfrenta o dilema de não se deixar cooptar

Silvio Queiroz
postado em 13/12/2015 07:30
De olho na presidência, a nova líder enfrenta o dilema de não se deixar cooptar
Ela não disfarça a emoção de encarnar Joana D;Arc, a heroína medieval que se tornou ícone da identidade nacional francesa. Foi em nome dessa identificação que se lançou na política, seguindo os passos do pai ; um ultradireitista que fez do discurso contra a imigração e a integração cultural plataforma política para a legenda que a filha tirou do gueto e colocou no centro da vida política da França. Marine Le Pen gosta de entoar em altos brados a Marselhesa, o hino revolucionário da França republicana, nos atos da Frente Nacional ; assim como o pai, Jean-Marie Le Pen, que fundou o partido em 1972. Em especial, quando está no palanque festejando as vitórias acumuladas nos últimos anos pela FN, sob a sua liderança.

O ;dia de glória; anunciado no segundo verso da letra combativa não deve chegar hoje ; ainda. Marine, a sobrinha Marion Maréchal-Le Pen e mais um punhado de camaradas enfrentam as urnas, no segundo turno das eleições regionais, com a expectativa de que sejam derrotados, embora seis candidatos da legenda de extrema-direita tenham sido os mais votados no primeiro turno, há uma semana. Mas, de certa maneira, a filha do rejeitado patriarca completou uma travessia que a coloca, desde já, como séria candidata à eleição presidencial de 2017: nas pesquisas feitas até agora, a líder da FN lidera as intenções de voto, à frente do atual presidente, o socialista François Hollande, e do conservador Nicolas Sarkozy, que o precedeu.

Marine, Marion e Florian Philippot, o vice-presidente do partido, saíram das urnas do domingo passado com 40% dos votos, um índice que diz muito sobre a inserção social que conseguiram para um partido até pouco rejeitado como o ;patinho feio; da política francesa. ;É como um fenômeno de contágio;, compara o historiador e demógrafo Hervé Le Bras. ;Se você olha os mapas eleitorais, o voto frentista se propaga como as epidemias de gripe.;

Não apenas geograficamente, pelas regiões onde a economia se mostra mais deprimida, em especial pelo paulatino processo de desindustrialização associado à globalização e ao avanço da integração europeia. ;É nas regiões onde esse problema é mais agudo que a FN obtém os índices mais elevados;, observa Le Bras. É precisamente o caso de Nord-Pas de Calais, no norte, antigo feudo da esquerda comunista e socialista, onde a decadência do setor carvoeiro fez de Marine a nova ;senhora; dos votos. O mesmo se produz em Provence-Alpes-Côte D;Azur, que fez da sobrinha Marion a mais jovem deputada da história republicana. E no leste, onde Philippot completa o trio de ferro da extrema-direita.

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