Agência France-Presse
postado em 13/12/2015 16:17
Paris, França - A extrema-direita espera sair vitoriosa neste domingo no segundo turno das eleições regionais na França, última votação antes da eleição presidencial de 2017, frente a uma esquerda e uma direita enfraquecidas.Às 16h00 GMT (14h00 de Brasília), a participação estava em forte alta de 7,5 pontos em relação ao primeiro turno, realizado em 6 de dezembro.
A mobilização é crucial e tem gerado grande expectativa, o Partido Socialista francês, que governa o país, e a oposição de direita se mobilizam para impedir a vitória da FN, o que reforçaria a posição de sua líder Marine Le Pen para as presidenciais.
Um mês após os ataques jihadistas de 13 de novembro em Paris (130 mortos), a segurança foi reforçada em torno das assembleias de voto. As primeiras estimativas de resultados são esperadas às 20h00 (17h00 de Brasília).
Cerca de 45 milhões de eleitores são chamados às urnas. No primeiro turno, um em cada dois deixou de votar.
Em Clermont-Ferrand (centro), Abdel, de 38 anos, voltou a abster-se: "Eu já não acredito na política (...) Eles não terão a minha voz, mesmo para vencer a FN".
"Eu votei para dar uma lição", explicou, por sua vez, Fabienne, de Marselha (sudeste), uma senhora de 60 anos que "escolheu a loira", Marion Maréchal-Le Pen, sobrinha de Marine e estrela em ascensão da extrema-direita.
"Esta é a única alternativa", acrescenta Géraldine Muller, que também votou na FN em Forbach (leste). "Mais e mais pessoas não veem mais diferença entre a direita e a esquerda, com suas promessas nunca cumpridas".
As regiões francesas administram um orçamento total de 29 bilhões de euros por ano, e são as únicas instâncias a poder ajudar diretamente as empresas.
A conquista da extrema-direita de uma ou mais delas seria inédita na França, onde a FN, com um discurso anti-europeu e anti-imigração, navega há cinco anos na rejeição de partidos tradicionais impotentes contra a crise.
No primeiro turno, conseguiu uma pontuação recorde de quase 28% e primeiro lugar em seis das 13 regiões.
Estratégias para 2017
Em 6 de dezembro, Marine Le Pen e Marion Maréchal-Le Pen registraram no Nord (Nord Pas-de-Calais Picardie) e no Sudeste (Provence Alpes Côte d;Azur) os dois melhores desempenhos do partido com mais de 40% dos votos.
Mas as pesquisas apontam para uma derrota neste domingo nessas duas regiões, onde os socialistas no poder desistiram em favor dos candidatos de direita.
As melhores chances da FN podem ser no Leste (Alsace Champagne-Ardennes Lorraine) com o braço direito de Marine Le Pen, Florian Philippot, disputando com um candidato de direita e um socialista que negou a ordem de seu partido de abandonar a briga. A Bourgogne-Franche-Comté (centro-oeste) também parece estar nas mãos da extrema-direita.
O primeiro-ministro socialista, Manuel Valls, advertiu para a ameaça de uma "guerra civil" se a FN tomar o poder. Marine Le Pen prometeu "destruir a vida do governo" em casa de vitória no Norte.
A 16 meses do primeiro turno da eleição presidencial, para à qual Marine Le Pen está na frente nas intenções de voto, essas eleições regionais têm um significado importante, principalmente para a direita, onde os resultados de 6 de dezembro foram decepcionantes (27%).
Desta forma, a votação pode atrapalhar as ambições do ex-presidente Nicolas Sarkozy (2007-2012), confrontado a dois rivais ferozes, os ex-primeiros-ministros Alain Juppé e François Fillon.
Sua estratégia, que consiste em disputar com a extrema-direita seus temas preferidos (segurança, imigração, identidade nacional), não freou a erosão de uma parte do eleitorado conservador para a FN e divide sua formação.
A postura dos socialistas é interpretada por alguns como uma estratégia que pretende apresentar François Hollande como a melhor barreira contra Marine Le Pen em 2017.