Agência France-Presse
postado em 22/12/2015 12:21
As forças iraquianas entraram nesta terça-feira (22/12) no centro de Ramadi, uma cidade ao oeste de Bagdá que virou uma prioridade para o governo em sua luta contra o grupo Estado Islâmico (EI). A organização jihadista conquistou Ramadi em maio e, desde então, as forças governamentais tentam retomar o controle com o apoio dos bombardeios da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos. "Entramos no centro de Ramadi por várias frentes e começamos a atuar nos bairros residenciais", afirmou o porta-voz do departamento de luta antiterrorista iraquiano, Sabah al-Noman. "A cidade estará completamente liberada nas próximas 72 horas", completou Noman, confirmando assim as declarações do ministro da Defesa, Khaled al-Obaidi, que garantiu no sábado que suas tropas conquistariam Ramadi até o fim do ano.
Na semana passada, fontes militares afirmaram que não restavam mais de 300 combatentes do EI na cidade, capital da província de Al-Anbar (oeste), de maioria sunita.
O EI está na defensiva no Iraque desde que assumiu o comando de Ramadi, em maio. Nos últimos meses perdeu Tikrit e Baiji, ao norte de Bagdá, ante a ofensiva das forças do governo e das Unidades de Mobilização Popular, uma coalizão de milícias, principalmente xiitas.
Estas últimas permaneceram, no entanto, à margem da operação em Ramadi, um reduto sunita onde seu envolvimento seria malvisto. Uma reconquista total de Ramadi seria a maior vitória das tropas iraquianas desde o recuo ante a ofensiva jihadista em 2014.
Al-Noman afirmou que as tropas iraquianas "entraram nos bairros de Al-Bikr e Al-Ramel sem grande resistência, exceto da parte de alguns franco-atiradores e homens-bomba". "Menos de um quilômetro separa nossas forças do complexo governamental situado na zona de Al-Huz (centro da cidade)", afirmou outro oficial do departamento de luta antiterrorista.
Este conjunto de edifícios é considerado um dos refúgios do EI na cidade. "Construímos pontes temporárias sobre o Eufrates e nossas forças conseguiram cruzar o rio para entrar nas zonas residenciais e ter acesso ao centro", disse a fonte, que pediu anonimato.
A polícia, o exército e várias tribos sunitas participam das operações ao lado das forças antiterroristas. As tropas conseguiram reconquistar o bairro de Tamim, no sudoeste de Ramadi, há 15 dias. Nos últimos dias, alguns comandantes militares deram a entender que o ataque final era iminente e o exército lançou panfletos sobre a cidade para pedir aos últimos civis que abandonassem Ramadi.
De acordo com um oficial iraquiano, 15 famílias deixaram o bairro de Al-Huz nas últimas 24 horas. "Conseguiram escapar do isolamento imposto pelo Daesh (acrônimo em árabe do EI) aos civis e encontrar refúgio com o exército", informou, citando sobretudo crianças, mulheres e idosos.
O instituto IHS Jane;s, com sede em Londres, calculou que o EI perdeu em 2015 quase 14% do território que conquistou no ano passado na Síria e no Iraque.
O IHS Jane;s, que tem como base as informações retiradas das redes sociais e obtidas com fontes nos dois países, considera que a zona controlada pelo EI registrou queda de 12.800 quilômetros quadrados entre 1 de janeiro e 14 de dezembro de 2015. O grupo continua controlando 78.000 km2.