Agência France-Presse
postado em 24/12/2015 12:13
O Japão deve recordar as amargas lições da Segunda Guerra Mundial, disse o imperador Akihito em uma entrevista aos meios de comunicação, por ocasião de seu aniversário celebrado na quarta-feira (23/12). Em um ano em que em todo o mundo os 70 anos do fim do conflito foram lembrados, Akihito declarou que continua comovido pelas recordações. "Acredito que passei um ano inteiro refletindo sobre os diferentes olhares que existem sobre a guerra", expressou citado pelos meios de comunicação locais.
Neste ano, na cerimônia que marcou os 70 anos da capitulação de 15 de agosto de 1945, Akihito expressou o profundo remorso que sente em relação ao conflito, que se desenvolveu durante o reinado de seu pai, Hirohito, morto em 1989. "A cada ano o número de pessoas que não viveram o que foi a guerra aumenta, mas acredito que pelo futuro do Japão é muito importante lembrar e aprofundar na memória", acrescentou.
Estas foram as primeiras declarações deste tipo do imperador, pronunciadas num momento em que os vizinhos China e Coreia, que enfrentaram Tóquio no conflito, expressaram seu mal-estar pelo discurso do primeiro-ministro, Shinzo Abe. Para os países asiáticos, Abe não se pronunciou de maneira contundente aos excessos cometidos pelo exército japonês. Além disso, três ministros de seu gabinete visitaram um controverso cemitério militar, onde alguns criminosos de guerra estão enterrados.
Um total de 23 mil japoneses se deslocaram ao palácio imperial de Tóquio para desejar ao chefe de Estado, que não tem faculdades políticas, um feliz aniversário. Enquanto o imperador pronunciava seu discurso, os súditos agitavam bandeiras do sol nascente e gritavam "banzai", uma expressão japonesa que literalmente quer dizer 10.000 anos, mas que significa "vida longa".
O monarca saudou seus súditos com sua característica voz pausada, a partir de um balcão do palácio que dá ao jardim do leste. "O afeto que vocês me expressam hoje, por ocasião de meu aniversário, me dá uma grande alegria", disse agradecido o imperador, escoltado por sua esposa, Michiko, e por outros membros de sua família. O palácio, que se encontra protegido atrás de uma muralha de pedra e um fosso, é aberto ao público normalmente duas vezes no ano, no dia do aniversário do imperador e no segundo dia do novo ano.