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Especialista admite surgimento de 'novo feminismo', com ajuda da internet

Redes sociais criam campanhas em vários países, mobilizam cidadãos em prol dos direitos das mulheres e se tornam importantes ferramentas contra a violência

Foram necessários 29 anos para que uma mulher voltasse a receber o título de personalidade do ano da revista norte-americana Time. Angela Merkel, chefe do governo alemão e uma das mais importantes líderes da política mundial na atualidade, se tornou a quarta mulher a receber o título desde a criação da honraria, em 1936. Marcado por discussões sobre a violência de gênero e por manifestações populares por igualdade e equidade, 2015 se despede com a inspiração da ;mulher mais poderosa do mundo; e o alerta dado pelo Fórum Econômico Mundial de que serão precisos 118 anos para que mulheres e homens recebam o mesmo salário para cargos idênticos.



;Por aqui, o feminismo entrou mesmo na pauta;, afirma a pesquisadora Cristina Scheibe Wolff, do grupo Fazendo Gênero. ;Mas isso parece ser uma reação a uma postura contrária ao feminismo. As mulheres latinas têm muito ainda pelo que lutar;, completa.

Encorajadas pela famosa apresentação da escritora Chimamanda Ngozie Adichie na conferência TEDx talk de 2013 ; intitulada ;Sejamos todos feministas;, que teve trechos remixados pela cantora Beyoncé ;, mulheres nigerianas também usaram as redes sociais para reivindicar direitos e contar suas versões sobre a rotina no país. Em junho, após a reunião de um clube de leitura que discutiu Adichie, um grupo lançou a hashtag #BeingFemaleInNigeria, que rapidamente se transformou em trending topic local do Twitter ; um dos assuntos mais comentados na rede social.

Foi pela internet também que indianas, mais conscientes de seus direitos depois da convulsão popular de 2012 e 2013, pressionaram as autoridades por mudanças no código penal, em resposta ao estupro coletivo de uma jovem estudante. Além de abordarem um tema considerado tabu, elas disseram estar #HappyToBleed (;Felizes em sangrar;) para protestar contra um templo que impede a entrada de mulheres menstruadas.