Agência France-Presse
postado em 26/12/2015 13:59
Bagdá, Iraque - As forças iraquianas enfrentavam neste sábado (26/12) os combatentes do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) ao redor da antiga sede do governo provincial no centro da cidade de Ramadi. Após sua ofensiva na terça-feira, na qual conseguiram entrar no centro de Ramadi, as tropas governamentais seguiam tentando expulsar o EI da cidade, mas seu avanço era retardado pelos artefatos explosivos, pelos franco-atiradores e pelos ataques suicidas dos jihadistas.As forças de Bagdá não conseguem tomar um cruzamento estratégico no bairro de Hoz, próximo à antiga sede governamental, cujo controle é chave para reconquistar a cidade, tomada pelo EI em maio. As características do local permitem que um grupo reduzido de combatentes consiga conter o avanço de um grupo mais numeroso. "O CTS (corpo de elite antiterrorista) desocupou totalmente o bairro de Hoz e chegou perto do complexo governamental", explicou o porta-voz das tropas iraquianas, Sabah al Numan, à AFP.
[SAIBAMAIS]Segundo o comando militar iraquiano, o uso de explosivos por parte do EI obrigou o exército a mudar de estratégia. "O plano consistia em entrar em Hoz a partir (do bairro) de Dhubbat (ao sul), mas por culpa das minas, o CTS se desviou e entrou pela margem do rio", disse em um comunicado. "Os combates provocam perdas entre os membros do Daesh (acrônimo árabe do EI) e as forças iraquianas", afirmou Ahmed al Dulaimi, um capitão da polícia.
Dois membros das forças de segurança iraquianas morreram e nove ficaram feridos nas ultimas horas, indicou. Ao menos outros três morreram na sexta-feira, segundo um oficial de alto escalão e líderes locais. Entre os jihadistas, ao menos 23 morreram na sexta-feira, acrescentaram estas fontes."A oitava divisão do exército e as forças de elite do serviço antiterrorista (CTS) avançam", afirmou o coronel Steve Warren, porta-voz da coalizão internacional liderada por Washington, que fornece apoio aéreo às tropas iraquianas. "As CTS avançaram centenas de metros até a sede do governo", afirmou Warren.
Acredita-se que o EI tenha menos de 400 membros na cidade, e algumas fontes afirmam que vários de seus combatentes estão se retirando do front utilizando civis como escudos humanos. As tropas iraquianas não apenas se viram freadas pelos carros-bomba, mas também pelo fato de alguns civis terem ficado presos em suas casas devido aos combates.
A perda de Ramadi em maio foi a pior derrota infligida às tropas de Bagdá pelo EI, desde que o grupo jihadista tomou um terço do território do país, no ano passado. O exército governamental estava há meses preparando o ataque, e pouco a pouco conseguiu controlar as pontes e estradas estratégicas ao redor da cidade.
Uma reconquista total da localidade pode ser chave na luta contra o EI no Iraque, já que permitiria isolar Faluja, um reduto jihadista situado entre Bagdá e Ramadi. Uma vitória também permitiria lavar a imagem do exército iraquiano, que recebeu muitas críticas depois de perder amplas faixas de território para os jihadistas. O primeiro-ministro iraquiano Haider al Abadi afirmou na sexta-feira que, depois de retomar Ramadi, suas tropas reconquistarão Mossul (norte), a segunda cidade do país, que também está nas mãos do EI.