Agência France-Presse
postado em 27/12/2015 11:07
Os insurgentes talibãs negaram manter consultas com a Rússia para impedir a expansão do grupo Estado Islâmico (EI) no Afeganistão e minimizaram a influência do grupo jihadista neste país.[SAIBAMAIS]O representante especial do Kremlin no Afeganistão, Zamir Kabulov, havia afirmado na quarta-feira que a Rússia e os talibãs trocavam informação sobre o EI, seu inimigo comum. "Os interesses dos talibãs coincidem objetivamente com os nossos", disse Zabulov, citado pela agência Interfax.
"Já disse antes que tínhamos canais de comunicação com os talibãs para trocar informações. Os talibãs do Afeganistão e os talibãs do Paquistão declararam que não reconhecem (o líder do EI, Abu Bakr) Al Baghdadi como califa (...) e já estão acertando duros golpes no EI", destacou Kabulov.
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A Rússia, aliada do regime do presidente sírio Bashar al-Assad, realiza desde setembro bombardeios aéreos contra posições do EI na Síria. Os talibãs desmentiram na sexta-feira a suposta cooperação em seu site em inglês.
"Não temos a necessidade de ajuda de ninguém no que diz respeito ao assim chamado Daesh (acrônimo em árabe do EI) nem tivemos contatos nem falamos com ninguém sobre este tema", indicou o movimento islamita.
O EI controla amplas regiões da Síria e do Iraque e obteve proclamações de lealdade de grupos do leste do Afeganistão, desafiando os talibãs em seu reduto.
O EI também deu sinais de que busca se implantar neste país do centro da Ásia, onde todas as manhãs transmite um programa de rádio com sua propaganda. Sua influência foi sentida particularmente na província de Nangarhar, fronteiriça com o Paquistão.
Mas os talibãs minimizaram a penetração do grupo.
"Algumas pessoas no Afeganistão estão tirando vantagem equivocadamente da apelação Daesh, com o apoio de serviços nacionais e internacionais de inteligência", afirmam.
Mas estas tentativas de penetração "foram extirpadas" e só conseguiram certa implantação em uma pequena região de apenas uma província afegã, afirma um comunicado publicado na internet.
Os talibãs foram expulsos do poder em 2001 pela intervenção liderada pelos Estados Unidos, que não conseguiu, no entanto, sufocar a rebelião dos islamitas.