Washington, Estados Unidos - O magnata americano e pré-candidato republicado Donald Trump à Casa Branca descartou que vá se retratar mesmo depois da divulgação de um vídeo jihadista que usa suas declarações preconceituosas para motivar o recrutamento de novos combates.
"Tenho que dizer o que tenho que dizer", declarou neste domingo (03/01). O polêmico candidato, ao comentar o fato ao programa "Face the Nation", da rede CBS, pareceu dar de ombros. "Que vou fazer?", questionou Trump. "Tenho que dizer o que tenho que dizer. E sabe o que eu tenho que dizer? Que temos um problema. Temos de descobrir qual é o problema. E temos que solucionar esse problema", indicou.
Ele afirmou ainda que sua posição tem merecido muito apoio e afirmou que, depois do recente ataque em Paris e, especificamente, no caso de Bruxelas, várias nações estavam decidiram fechar cidades que nunca antes passaram por esse tipo de problema.
[SAIBAMAIS]
"Talvez não seja politicamente correto, mas é um grande problema", sentenciou. Trump, favorito nas primárias republicanas para a eleição presidencial de 2016, apareceu no mais recente vídeo de propaganda dos islamitas somalis shebab.
O grupo, aliado da Al-Qaeda, difundiu nesta sexta-feira um vídeo para recrutar combatentes denunciando as desigualdades sociais nos Estados Unidos e para, isso, utilizou imagens de Donald Trump pedindo a proibição de entrada dos muçulmanos nos Estados Unidos.
Em 7 de dezembro, depois da morte de 14 pessoas em um atentado cometido em São Bernardino (Califórnia) por um casal de muçulmanos radicalizados, o pré-candidato republicano propôs o fechamento temporário das fronteiras aos muçulmanos até que "os dirigetnes do nosso país compreendam o que está acontecendo".
As imagens de Trump aparecem junto com as imagens do americano-iemenita Anwar al-Awlaki, abatido no Iêmen, por um drone americano em 30 de setembro de 2011, pedindo aos muçulmanos americanos que "fujam da atmosfera opressiva do Ocidenta para terras do Islã".
O vídeo foi distribuído no Twitter pela Fundação de Mídia Al Kataib, que difunde a propaganda dos shebab, segundo o SITE.
Este grupo jihadista é uma facção dos tribunais islâmicos que controlaram durante seis meses, em 2006, o centro e o sul da Somália, incluindo a capital Mogadíscio.
Expulsos em meados de 2011 de Mogadíscio e depois de seus redutos no centro e sul do país, os shebab controlam atualmente vastas áreas rurais, onde realizam operações guerrilha e atentados contra o frágil governo de somali ou contra a força militar da União Africana na Somália (Amison).
A proposta de Trump recebeu críticas de todo mundo, inclusive de Hillary Clinton, a aspirante favorita do lado democrata.
Na sexta (01/01), vários aviões desenharam no céu californianos slogans denunciam o pré-candidato conservador. Estados Unidos são geniais! Trump é nojento", afirmava uma das mensagens escritas por seis aviões que sobrevoaram o desfile anual do Torneio das Rosas na sexta-feira, na cidade de Pasadena, periferia de Los Angeles.
Milhares de pessoas que assistiam ao desfile de ano-novo também puderam ver frases como "Qualquer coisa, menos Trump", "Trump ama odiar" e "Trump está em pleno delírio".
Segundo a CBS News, a pessoa por trás do original espetáculo político seria um empresário do Alabama chamado Stan Pate. Trump por ora não reagiu à campanha contra ele.