Agência France-Presse
postado em 08/01/2016 18:18
O homem que tentou atacar uma delegacia parisiense na quinta-feira e foi morto por policiais foi identificado nesta sexta-feira por familiares, segundo os quais ele se chamava Tarek Beldacem e era tunisiano, confirmando sua reivindicação jihadista.Suas impressões digitais revelaram que era fichado pela polícia francesa. Este atacante, que tentou agredir os policiais com uma faca de açougueiro, tinha sido detido em 2013 por um caso de roubo no sul da França.
Na ocasião se identificou perante a polícia como Sallah Ali e contou ter nascido em 1995 em Casablanca (Marrocos) e residido na Alemanha e na Itália.
Mas a reivindicação manuscrita que carregava na quinta-feira, que mostra uma bandeira desenhada do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), estava assinada como Tarek Belgacem.
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"Várias pessoas do entorno de Tarek Belgacem, que se apresentaram como seu primo e seus pais, reconheceram sua foto", declarou outra fonte próxima à investigação.
Nem Tarek Belgacem, nem Sallah Ali eram nomes conhecidos pelos serviços antiterroristas.
No corpo também foi encontrado um falso cinturão de explosivos e um celular equipado com um cartão alemão.
O agressor se dirigiu na manhã de quinta-feira a uma delegacia de um bairro popular do norte de Paris, pegou a arma e gritou "Alá Akbar" (Alá é grande). Os agentes abriram fogo contra ele e o mataram.
O ataque ocorreu no dia do aniversário de um ano do atentado jihadista que dizimou a redação da revista satírica Charlie Hebdo.
Em sua reivindicação em árabe, o homem declarava sua lealdade a Abu Bakr al Bagdadi, chefe do EI, segundo uma fonte próxima à investigação, que ficou a cargo da procuradoria antiterrorista. Neste papel, explicava seu ato como uma vingança pelos ataques à Síria, segundo a mesma fonte.
"Nenhum vínculo" com a radicalização violenta
No entanto, "o que aparece muito claramente no que se conhece desta pessoa" é que "não tem nenhum vínculo com a radicalização violenta", afirmou na quinta-feira a ministra francesa da Justiça, Christiane Taubira.
O procurador Molins ressaltou, por sua vez, o caráter multiforme da ameaça, com "atos organizados com logística e coordenação importantes" e, ao mesmo tempo, "gente que passa para a ação de maneira isolada, tendo como pano de fundo um desequilíbrio psíquico ou simplesmente porque querem aplicar o slogan de assassinato permanente".
A delegacia atacada encontra-se no bairro popular de Goutte d;Or, setor multiétnico do norte de Paris, no distrito 18. Este setor, assim como o bairro de negócios La Défense, foi mencionado como alvo potencial dos jihadistas que cometeram os atentados de 13 de novembro contra o Stade de France, restaurantes do leste da capital e a sala de espetáculos Bataclan.
Estes atentados, os piores sofridos pela França, deixaram 130 mortos e centenas de feridos.
Na manhã de quinta-feira, François Hollande falou da necessidade de reforçar ainda mais as medidas de segurança diante da ameaça de atentados jihadistas.
"A gravidade da ameaça exige aumentar ainda mais" a segurança, declarou em seu discurso de Ano Novo às forças de segurança do Estado.
Os atentados de novembro de 2015 levaram François Hollande a decretar o estado de emergência.
O presidente confirmou na quinta-feira que está sendo preparado um novo projeto de lei para reforçar a segurança.
Entre as medidas incluídas neste texto, mencionou a flexibilização das normas que envolvem os controles de identidade, os registros de pessoas e veículos e as inspeções, assim como a prisão domiciliar para os jovens radicalizados que retornarem de Síria e do Iraque.
Em 7 de janeiro de 2015, os irmãos Cherif e Said Kouachi mataram 12 pessoas na sede da Charlie Hebdo. Nos dias seguintes, Amédy Coulibaly, ligado a eles, matou uma policial e fez uma tomada de reféns em um supermercado kosher, onde matou quatro pessoas. Três policiais estão entre as 17 vítimas destes atentados.
Nesta semana, o presidente inaugurou três placas comemorativas em memória das vítimas. Uma quarta será inaugurada no sábado.
As celebrações terminarão no domingo com uma manifestação organizada na Praça da República.