Mundo

Investigação aponta estrangeiros por violência no Ano Novo na cidade alemã

A polícia não soube responder a tais acontecimentos, que também colocaram a chanceler Angela Merkel e sua política de abertura aos refugiados em uma posição muito desconfortável

Agência France-Presse
postado em 11/01/2016 10:18
Colônia, Alemanha - As autoridades alemãs anunciaram nesta segunda-feira (11/1) que quase todos os suspeitos dos atos de violência ocorridos na noite de 31 de dezembro na cidade de Colônia eram de origem estrangeira, mas advertiu contra qualquer estigmatização, num momento em que estrangeiros foram atacados na mesma região.

[SAIBAMAIS]Mais de 500 queixas, das quais 40% por agressão sexual, foram registradas desde 1; de janeiro. A polícia não soube responder a tais acontecimentos, que também colocaram a chanceler Angela Merkel e sua política de abertura aos refugiados em uma posição muito desconfortável.

"Aqueles que cometeram esses crimes eram quase exclusivamente de origem imigrante. No estado atual das investigações, também há entre os suspeitos refugiados que chegaram até nós no ano passado", ", declarou Ralf J;ger, ministro do Interior do Estado regional da Renânia do Norte-Westfália, falando de "pessoas da África Norte e do mundo árabe", depois que a Alemanha registrou 1,1 milhão de requerentes de asilo em 2015.

Ele acrescentou que 14 dos 19 suspeitos identificados até agora eram do Marrocos e da Argélia. Quatro deles estão em prisão preventiva pelos incidentes registrados no Ano Novo, segundo o ministro. No total, cerca de mil homens de origem árabe e norte-africana se reuniram no Ano Novo em frente à estação ferroviária de Colônia, incluindo "muitos refugiados", explicou J;ger.

Confrontos foram iniciados e agressões sexuais foram cometidas antes que o local fosse esvaziado. Mas a multidão voltou a se reunir, e novos episódios de violência foram perpetrados, segundo ele.

Agressões da extrema-direita

J;ger reconheceu que a ação da polícia "foi inaceitável" e admitiu que as autoridades não tinham uma ideia clara dos acontecimentos até a manhã de 1; de janeiro. O chefe da polícia de Colônia foi suspenso do cargo na semana passada.

O ministro, no entanto, advertiu nesta segunda-feira, durante a apresentação do seu relatório, sobre o "perigo" de "estigmatizar" os estrangeiros à luz dos eventos. "Isto é o que a extrema-direita tem feito, é seu único argumento", frisou.

Neste contexto, vários paquistaneses e um sírio foram violentamente agredidos por desconhecidos no domingo à noite no centro de Colônia, de acordo com fontes policiais. Um grupo de 20 pessoas atacou seis paquistaneses, ferindo dois, não muito distante da estação de trens de Colônia. Os dois feridos precisaram ser hospitalizados, indicou a fonte.

Vinte minutos mais tarde, um grupo de cinco pessoas agrediu um sírio de 39 anos, ferindo-o levemente, disse a polícia. A polícia vai investigar se estas agressões estão vinculadas aos acontecimentos da noite de Ano Novo, indicou uma fonte policial à agência DPA.

Ainda há muitas dúvidas sobre os episódios de violência no Ano Novo, mas o ministro da Justiça, Heiko Maas, acredita que os atos foram provavelmente coordenados e planejados. "Quando semelhante grupo se junta para infringir a lei parece ter sido algo planejado de uma maneira ou de outra. Ninguém me fará acreditar que isto não foi coordenado ou preparado", declarou o ministro social-democrata no domingo ao diário Bild.

Medo entre a população

Além disso, na mesma noite, Hamburgo também foi palco de atos de violência seguidos de 133 queixas, incluindo por agressão sexual. Os eventos em Colônia provocaram dúvidas na opinião pública sobre a capacidade do país de integrar um milhão de requerentes de asilo da Síria, Iraque, Afeganistão e norte da África.

Cerca de 57% dos alemães temem um aumento da criminalidade com a chegada de tantos imigrantes, contra 40% que têm uma opinião contrária, de acordo com uma pesquisa do canal RTL.

Nesta segunda-feira à noite (15h30 de Brasília), uma manifestação contra os refugiados e contra a chanceler alemã está sendo organizada em Leipzig (leste) pela filial local do movimento islamofóbico Pegida, depois de uma reunião em Colônia no fim de semana marcada por confrontos com a polícia.

Em tal contexto, Merkel tem sido pressionada e precisou mudar sua política de abertura no final de semana com o anúncio de um procedimento simplificado de expulsão de requerentes de asilo que infringirem a lei.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação