Jalalabad, Afeganistão - O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta quarta-feira (13/1) seu primeiro ataque contra o Estado paquistanês, uma ofensiva mortífera contra um consulado deste país no leste do Afeganistão, onde os jihadistas estão instalados há alguns meses.
Historicamente, o Paquistão é o principal ponto de apoio dos talibãs afegãos, inimigos jurados do EI, em sua insurreição contra o governo de Cabul e as tropas estrangeiras da Otan.
O ataque foi registrado dois dias depois de uma primeira reunião organizada entre China, Estados Unidos, Paquistão e Afeganistão em Islamabad, a capital paquistanesa, para tentar relançar o processo de paz entre o governo afegão e os rebeldes talibãs.
O ataque, registrado nesta quarta-feira em Jalalabad, grande cidade do leste afegão, perto do Paquistão, começou com um atentado suicida e prosseguiu com a tomada de um imóvel adjacente ao consulado paquistanês, onde homens armados se entrincheiraram por várias horas.
No total, "sete soldados e policiais morreram e outros sete ficaram feridos", declarou Sediq Sediqqi, porta-voz do ministério afegão do Interior. Os três criminosos morreram.
As autoridades paquistanesas afirmaram que os funcionários do consulado estão a salvo.
Em um comunicado em árabe, os jihadistas do EI explicaram que o ataque foi realizado por três combatentes, dois dos quais detonaram as cargas explosivas que carregavam.
A organização jihadista afirmou que o ataque provocou a destruição do consulado e a morte de dezenas de funcionários e agentes de inteligência paquistaneses, classificados por ela de apóstatas.
As autoridades paquistanesas têm um medo extremo da ameaça do EI e negam que a organização esteja ativa em seu território, onde uma série de grupos armados, como a Al-Qaeda e os talibãs paquistaneses, já estão realizando sua própria insurgência.
"Assustar os civis"Portanto, o ataque a Jalalabad, "o primeiro do EI contra o Estado paquistanês", é rico em símbolos, estimou Muhamad Amir Rana, um analista paquistanês.
Os jihadistas do EI, cuja organização ocupa grandes extensões de territórios na Síria e no Iraque, podem querer assustar os civis que se encontravam no consulado para solicitar um visto "porque o EI não quer que a população fuja das zonas sob seu controle", acrescenta.
A implantação progressiva de combatentes do EI no início de 2015 na província de Nangarha, da qual Jalalabad é a capital, provocou a fuga em massa dos civis devido à brutalidade dos jihadistas, que decapitaram policiais e soldados e exibiram as cabeças.
Diferentemente dos talibãs, que lutam contra o regime de Cabul e as tropas estrangeiras no Afeganistão, o EI tem alvos internacionais. Em nome desta ambição, proclamaram há um ano a "província de Jorasan", uma região que inclui Afeganistão, Paquistão e partes dos países vizinhos.
Frequentemente, os insurgentes que alegam ser do EI são ex-talibãs decepcionados com seus líderes, que esconderam durante dois anos a morte de seu dirigente histórico, o mulá Omar.