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Novo comboio de ajuda humanitária chega à cidade síria sitiada

O governo de Assad e a ONU defenderam este tipo de tréguas locais como uma maneira de colocar fim aos combates na Síria, onde mais de 260 mil pessoas morreram desde 2011

Agência France-Presse
postado em 14/01/2016 14:50

Damasco, Síria - Um novo comboio de ajuda humanitária chegou nesta quinta-feira à cidade síria de Madaya, onde os habitantes sofrem com a fome após meses de cerco das forças governamentais.

Dezenas de caminhões carregados com alimentos e medicamentos abandonaram pela manhã Damasco rumo a Madaya, uma cidade de 40.000 habitantes situada 40 km a oeste da capital.

A ONU e as potências ocidentais criticaram com firmeza o ataque das forças do regime de Bashar al-Assad nesta localidade, onde mais de 20 pessoas morreram de fome, segundo organizações humanitárias.

Um porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR), Pawel Krzysiek, anunciou que um comboio de 44 caminhões com ajuda humanitária se dirigia de Damasco a Madaya.

"A prioridade é a farinha de trigo e os produtos de limpeza", disse.

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O comboio também transportava equipes médicas, incluindo um nutricionista do CICV que prestará atendimento aos habitantes, acrescentou.

Enquanto isso, outro comboio de 17 caminhões partiu de Damasco para levar ajuda aos 20.000 habitantes das localidades xiitas de Fua e Kafraya, sitiadas pelos rebeldes na província de Idleb (noroeste).

O governo já permitiu na segunda-feira que dezenas de caminhões levassem ajuda humanitária a estas três cidades, pela primeira vez em quatro meses.

O Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU afirmou que haverá uma terceira entrega de ajuda nos próximos dias.

Evacuações nos próximos dias

Caminhões com o logotipo do Crescente Vermelho sírio avançavam enfileirados em uma estrada dos arredores de Damasco, disse um fotógrafo da AFP.

Pequenos veículos com a bandeira azul da Agência da ONU para os Refugiados (Acnur) lideravam o comboio.

"Ficamos animados em ter conseguido alcançar estas cidades onde milhares de pessoas estão presas há muito tempo", declarou o coordenador de assuntos humanitários da ONU na Síria, Yacub el Hillo.

Ele reconheceu que as entregas em Fua e Kafraya podem ser adiadas por culpa das complexas medidas de segurança impostas na zona, mas disse esperar que as operações possam prosseguir.

"A verdadeira solução para esta situação, para os apuros da população sitiada nestas localidades é que o cerco seja levantado", considerou El Hillo.

Segundo ele, a Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou negociações diretas com as autoridades sírias para conseguir uma evacuação segura dos habitantes de Madaya, que precisam de atendimento médico urgente.

"Encontramos casos muito urgentes em Madaya que precisam ser transferidos rapidamente ao hospital. Esperamos que isto ocorra nos próximos dias", disse El Hillo.

Cuidados médicos necessáriosUma menina de oito anos que precisava de atendimento médico especializado pôde sair de Madaya e se dirigir a Damasco junto aos seus pais, onde está recebendo tratamento, explicou El Hillo.

A ONU pediu a evacuação de cerca de 400 habitantes de Madyaa que precisam de cuidados médicos de forma imediata.

O enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, afirmou na quarta-feira que as potências mundiais tentarão alcançar uma ação imediata para prestar ajuda às zonas sitiadas na Síria, após uma reunião em Genebra com os embaixadores dos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas: Reino Unido, China, França, Rússia e Estados Unidos.

Fua, Kafraya, Madaya e o reduto rebelde de Zabadani eram alvos de um cessar-fogo assinado pelos rebeldes e pelo regime em setembro.

O governo de Assad e a ONU defenderam este tipo de tréguas locais como uma maneira de colocar fim aos combates na Síria, onde mais de 260 mil pessoas morreram desde 2011.

Uma nova rodada de negociações de paz deve ser realizada em 25 de janeiro em Genebra, apesar do temor de que as tensões diplomáticas entre Irã e Arábia Saudita, que apoiam grupos distintos na guerra, possam prejudicar o processo.

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