Madri, Espanha - A promotoria espanhola pediu nesta quinta-feira mais de quatro anos de prisão para Rodrigo Rato, ex-diretor do FMI (2004-2007), por suposto uso de cartões de crédito em benefício próprio quando era presidente do Bankia, banco resgatado com dinheiro público, informou a justiça.
"A promotoria acusa um total de 66 pessoas pelo delito continuado de apropriação indevida", anunciou a instituição em um comunicado.
Os acusados são ex-diretores e ex-membros do conselho de administração do Caja Madrid, que se transformou em Bankia após a fusão com outras seis entidades em 2011. Eles foram liderados por Rato, que dirigiu o Caja Madrid e o Bankia entre 2010 e 2012, e pelo ex-presidente do Caja Madrid de 1996 a 2009, Miguel Blesa.
A promotoria anticorrupção pede para Blesa "seis anos de prisão e uma indenização de 9.344.808 euros, quantia gasta entre janeiro de 2003 e janeiro de 2010 pelos usuários de cartões cuja emissão autorizou", informou o comunicado.
"Para Rodrigo Rato, presidente do Bankia, o promotor solicita quatro anos e seis meses e uma indenização de 2.694.850 euros", acrescentou.
Em janeiro de 2015, um juiz espanhol responsabilizou mais de 70 personalidades do mundo econômico, sindical e político espanhol por esse caso. Todos os acusados receberam, entre 1999 e 2012, cartões de crédito do Caja Madrid usados em benefício próprio.
Segundo a imprensa espanhola, Blesa teria pago com o cartão safáris na África por 9.000 euros e vinhos por 10.000 euros. Outros gastaram milhares de euros nos cartões, comprando joias, roupas de marcas de luxo e pagando restaurantes.
A promotoria decidiu "aplicar o atenuante de reparação de dano a onze usuários dos cartões" que devolveram o dinheiro gasto. Vários imputados demitiram-se de seus cargos por causa do escândalo.
Ex-homem forte do conservador Partido Popular de Mariano Rajoy, ex-vice-presidente do governo e ex-ministro da Economia durante os mandatos de José María Aznar (1996-2004), Rato, de 66 anos, conhecido como artífice do "milagre" econômico espanhol, teve que abandonar seu partido.
Em um caso separado, é acusado de fraude, apropriação indevida, crimes de contabilidade, fraude de documentos e administração desleal em relação à sua saída na bolsa de Bankia. Também é objeto de investigações por suposta fraude fiscal e lavagem de dinheiro em um terceiro processo.
O Bankia tornou-se símbolo dos abusos do setor bancário espanhol, objeto de um histórico resgate financeiro europeu de 41,4 bilhões de euros em 2012, dos quais ; 20.000 foram para o Bankia.