Cabul, Afeganistão - Os talibãs estão à procura do afegão que cortou o nariz de sua esposa, um ato bárbaro considerado "contrário ao Islã", e negaram que tenham o protegido, como afirmaram as autoridades. Mohammad Khan, 25 anos, um homem sem antecedentes criminais nem vínculos conhecidos com os talibãs, decepou o nariz de sua esposa no último domingo (17/1) durante uma briga.
[SAIBAMAIS]"Estamos procurando esse homem porque o que ele fez é contrário ao Islã", declarou nesta quarta-feira (20/1) à Agência France Presse (AFP) Nour Mohammad, um líder talibã. O porta-voz rejeitou "indignado" a versão da polícia, que afirmou que Mohammad Khan havia encontrado refugio entre os talibãs.
Reza Gul, de 20 anos, foi levada às pressas ao hospital após ter sido atacada no domingo pelo marido com uma faca. "Meu marido (Mohammad Khan) amarrou as minhas mãos e decepou o meu nariz. Ele me torturou muito", contou na terça-feira (19/1) à AFP com voz fraca, de seu leito de hospital, usando um curativo branco no rosto.
O incidente chama atenção para a violência endêmica contra a mulher na sociedade afegã, apesar das reformas adotadas desde que o regime linha dura dos talibãs foi deposto com a invasão chefiada pelos Estados Unidos, em 2001.
A foto da mulher desfigurada foi amplamente compartilhada pelas redes sociais e promoveu apelos por uma ação dura contra o marido, depois do ataque registrado no distrito de Ghormach, na província noroeste de Faryab.
Autoridades locais afirmaram que Gul precisará de cirurgia reparadora, que é impossível de fazer no hospital público local. Gul, que se casou há cinco anos, ainda adolescente, disse ter sofrido abusos físicos de seu marido, que a forçou a fugir para a casa de seus pais em uma área controlada pelo Talibã.