O grupo Estado Islâmico (EI) publicou no domingo (24/01) um vídeo, no qual afirma apresentar os nove autores dos atentados que deixaram 130 mortos em Paris em 13 de novembro do ano passado. Na gravação, o EI ameaça todos os países da "coalizão", sobretudo a Grã-Bretanha.
Segundo o vídeo, intitulado "Mate-os onde quer que os encontre", os envolvidos são quatro belgas, três franceses e dois iraquianos. Publicado pelo braço midiático do EI, o Centro de Mídia Al Hayat, as imagens mostram os supostos autores cometendo atrocidades, como decapitações e execuções à queima-roupa de pessoas apresentadas como reféns.
Expressando-se em árabe e em francês, vários deles dizem que "a mensagem é dirigida a todos os países que participam da coalizão" liderada pelos Estados Unidos. Desde setembro de 2014, estas nações intervêm contra o EI na Síria e no Iraque.
O vídeo também mostra um retrato do primeiro-ministro britânico, David Cameron, acompanhado de uma legenda em inglês que diz: "quem quer que se alinhe com os infiéis será alvo das nossas espadas".
Além disso, os nove membros são descritos como "leões", que "puseram a França de joelhos". Entre as imagens, há passagens dos atentados de Paris e das operações da Segurança francesa após os ataques. O presidente francês, François Hollande, afirmou nesta segunda-feira que "nenhuma ameaça fará a França hesitar", em uma resposta à divulgação do vídeo.
"Nada nos assustará, nenhuma ameaça fará a França hesitar sobre o que deve fazer no combate ao terrorismo", disse o chefe de Estado à imprensa durante uma visita oficial à Índia. "Estas imagens não fazem mais do que desqualificar os autores dos crimes", afirmou.
"Se adotei medidas para prorrogar o estado de emergência é porque sei que existe a ameaça e não vamos ceder em nada, nem nos meios de defender nosso país, nem nas liberdades", completou Hollande. Já o gabinete do primeiro-ministro britânico David Cameron minimizou as ameaças do grupo contra o Reino Unido em seu novo vídeo e afirmou que a organização jihadistas está em declive.
"Estamos no processo de examinar este último vídeo de propaganda que é claramente um novo gesto do grupo terrorista abominável e que está claramente em declive e retirada", afirmou à imprensa um porta-voz de Cameron. O EI reivindicou em 14 de novembro os atentados que deixaram 130 mortos e centenas de feridos na capital francesa.
Oito autores dos atentados foram identificados pela polícia, que até agora não conseguiu determinar os nomes de dois homens-bomba do Stade de France que usavam passaportes sírios falsos. O grupo jihadista os apresenta, com seus nomes de guerra, como dois iraquianos.
O vídeo faz referência à participação de Salah Abdeslam, foragido, que a polícia acredita ter dirigido os homens-bomba do Stade de France e que talvez tenha desistido de cometer um atentado no distrito 18 de Paris. Na última edição de sua revista de propaganda, publicada em 19 de janeiro, o EI apresentou os nove jihadistas de 13 de novembro.
O grupo, que desde junho de 2014 assumiu o controle de grandes faixas territoriais no Iraque e na Síria, documenta sistematicamente suas execuções e ataques com vídeos e uma profusão de imagens para sustentar sua propaganda. O grupo é alvo há vários meses de uma pressão militar e busca projetar agora, segundo analistas, uma imagem de poder, apesar de sua produção midiática ter, na realidade, diminuído.