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Pobreza na América Latina e paz na Colômbia dominam cúpula da Celac

Há planos de fixação de uma agenda de trabalho até 2020 para erradicar a pobreza extrema em 33 países da América Latina

Agência France-Presse
postado em 25/01/2016 17:42

A erradicação da pobreza na América Latina e no Caribe e a supervisão do fim do conflito armado na Colômbia irão dominar, na quarta-feira (27/01), em Quito, a cúpula da Celac, o fórum que reúne todos os países americanos, com exceção de Estados Unidos e Canadá.

O grande ausente da IV reunião da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) será o presidente da Argentina, Mauricio Macri, um liberal de direita muito crítico do governo da Venezuela, país promotor desse fórum instituído em 2011 por Hugo Chávez.

No encontro regional, que Macri não irá por razões médicas, o presidente anfitrião, Rafael Correa, entregará a presidência pro-tempore da Celac a seu colega da República Dominicana, Danilo Medina, diante de cerca de vinte mandatários que já confirmaram sua presença.

Além de avaliar o panorama econômico da região, um dos temas que será discutido na cúpula será a criação de uma missão das Nações Unidas e de representantes da Celac que verificará a iminente deposição de armas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em negociações de paz com o governo colombiano desde há mais de três anos.

A análise desse tema será feito a pedido da Colômbia, informou o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, que na terça-feira presidirá a reunião de chanceleres que acontece antes da cúpula. "Ambas as partes ressaltaram a importância de que as Nações Unidas possam fazer uma observação em relação à decisão do governo da Colômbia e das FARC de um cessar-fogo bilateral e pediram à ONU que com o apoio da Celac essa verificação possa feita. Isso será considerado lá", disse Patiño a jornalistas na última sexta-feira.

O governo de Juan Manuel Santos e as Farc pediram ao Conselho de Segurança da ONU que defina os detalhes da missão. Jeffrey Feltman, secretário-geral adjunto de Assuntos Políticos da ONU, participará na cúpula para discutir o papel da Celac na ação.

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Erradicar a pobreza extrema

A fixação de uma agenda de trabalho até 2020 para erradicar a pobreza extrema nos 33 países da região, onde moram cerca de 620 milhões de pessoas (8,5% da população mundial), protagonizará o debate dos presidentes na quarta-feira.

"É preciso terminar de acertar a agenda 2020. Esperamos que nos primeiros meses deste ano já tenhamos acabado de tratar disso. Há temas em que ainda é mais difícil avançar. Os temas econômicos infelizmente estão entre de maior dificuldades", manifestou Patiño.

Em um contexto de desaceleração econômica e de queda abrupta do petróleo e de outras matérias-primas, a Comissão Econômica para América Latina (Cepal), um organismo da ONU para a região latino-americana, estimou que em 2014 havia 167 milhões de pessoas vivendo em situação de pobreza, das quais 71 milhões estavam na indigência.

Diante desse cenário, a Celac começou em 2015 a delinear uma estratégia de cinco pontos de trabalho: eliminação da pobreza extrema, fortalecimento da educação superior, definição de uma postura sobre as mudanças climáticas, infraestrutura para comunicação e financiamento para o desenvolvimento.

Patiño reconheceu que "a região, assim como todo o mundo, vive uma situação difícil, como consequência particularmente da queda dos preços de nossos insumos".

"Isso será com certeza um ponto de reflexão durante a cúpula", apontou.

Para o ex-chanceler de Equador Marcelo Fernández de Córdova, há dois aspectos que podem complicar o caminho para concretizar ações contra a pobreza: dificuldades econômicas e diferenças políticas.

"Fala-se muito da luta contra a pobreza e na prática há grandes dificuldades. A situação de cada um dos países é diferente e atualmente atravessamos uma crise que particularmente afeta os países petroleiros", disse o diplomata à AFP.

"Há diferenças fundamentais marcadas por temas ideológicos como é o caso de Venezuela, Equador e Bolívia em relação a outros países que têm uma orientação diferente e os que vão mudando. Nesse momento há uma mudança na Argentina", disse.

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