Agência France-Presse
postado em 27/01/2016 16:36
Paris, França - A visita à França do presidente iraniano, Hassan Rohani, segunda etapa de um giro que marca a aproximação entre a República Islâmica e os países europeus após o levantamento das sanções, deve resultar na quinta-feira na assinatura de importantes contratos comerciais.Teerã já anunciou um amplo acordo com o fabricante europeu de aviões Airbus, com a compra de 114 aeronaves, enquanto na Itália foram assinados quinze acordos de um valor total de 15 a 17 bilhões de euros.
Um outro firmará o retorno ao Irã da construtora automobilística PSA Peugeot Citro;n, por meio de uma parceria com o grupo local Iran Khodro, que produzirá 200.000 veículos por ano, segundo uma fonte do governo francês.
Em Roma, Hassan Rohani assinou cerca de quinze acordos avaliados entre 15 e 17 bilhões de euros.
Itália e França eram, antes das sanções impostas ao Irã, em 2006, dois de seus principais sócios econômicos europeus, e querem recuperar seu lugar neste país rico em petróleo e gás.
Rohani concluiu sua etapa italiana com um percurso pelo Coliseu e uma coletiva de imprensa, na qual atacou novamente a Arábia Saudita, seu vizinho árabe, com quem a tensão aumentou repentinamente desde o início do ano.
O presidente iraniano se negou a pedir desculpas após o incêndio no início de janeiro na embaixada saudita em Teerã durante os protestos pela execução de um religioso xiita crítico do regime saudita.
Para Rohani, é necessário que a Arábia Saudita tome "decisões corretas" para reduzir a tensão entre os dois países.
O influente príncipe saudita Turki al Faisal convocou nesta terça-feira em Paris o Irã a pedir desculpas pelo incêndio, o que foi rejeitado pelo líder iraniano, também clérigo xiita.
A rivalidade entre os dois países é secular e eles competem indiretamente nos conflitos da região, especialmente em Síria, Iraque e Iêmen.
Rohani, que viaja acompanhado por uma delegação de mais de uma centena de empresários e seis ministros, chega à Europa com o objetivo de reforçar suas relações econômicas.
Rohani se encontrará na quinta-feira com os empresários franceses e com o presidente François Hollande, com quem deverá participar de uma coletiva de imprensa conjunta, indicaram fontes oficiais francesas.
Em Israel, o presidente do Parlamento Yuli Edelstein acusou nesta quarta o presidente Hollande de "hipocrisia", criticando o fato de receber o chefe de Estado iraniano "durante o Dia Internacional de Recordação do Holocausto".
Na terça-feira, em meio à nata empresarial e industrial italiana reunida para a ocasião, Rohani fez um convite para que invistam mais no Irã.
"O Irã é o país mais seguro e mais estável de toda a região", disse.
Neste mesmo dia foi recebido pela primeira vez no Vaticano pelo papa Francisco, que pediu que se envolva na pacificação do Oriente Médio.
O Irã "pode jogar um papel importante no Oriente Médio para promover soluções políticas adequadas que detenham a propagação do terrorismo e o tráfico de armas na região", disse o Vaticano em um comunicado.
Associações de defesa dos direitos humanos lamentaram que durante a visita de Rohani à Itália não tenha sido discutido o espinhoso tema dos direitos humanos nem o da abolição da pena de morte.
Tanto o Vaticano quanto a Itália estiveram na linha de frente na batalha contra a pena de morte em todo o mundo.