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Israel veta entrada em Ramallah de não residentes após ataques

A maioria dos ataques realizados nos últimos meses contra civis, soldados e policiais israelenses foram cometidos por jovens palestinos, agindo de maneira isolada, e armados com facas

Agência France-Presse
postado em 01/02/2016 15:06

Jerusalém - Atualiza com declaração de autoridade israelense, decisão esperada de um tribunal de Jerusalém

Israel bloqueou nesta segunda-feira a entrada de não residentes em Ramallah, cidade da Cisjordânia ocupada onde fica a sede da Autoridade Palestina, após um ataque cometido no domingo por um palestino que deixou três soldados feridos.

Esta é a primeira vez que o exército adota a medida, complicando ainda mais a vida diária da população local.

A nova onda de violência iniciada em outubro teve mais um capítulo nesta segunda-feira, com um palestino, identificado pela polícia como Ahmed Toba, de 17 anos, sendo morto pelo exército israelense após tentar agredir com uma faca soldados que se preparavam para revistá-lo na colônia de Salit, na Cisjordânia.

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No dia anterior, um palestino que havia trabalhado como guarda do gabinete do procurador-geral em Ramallah, identificado como Amjad Soukkari, abriu fogo contra um posto de controle nas proximidades da cidade e atingiu três solados, antes de ser morto.

A maioria dos ataques realizados nos últimos meses contra civis, soldados e policiais israelenses foram cometidos por jovens palestinos, agindo de maneira isolada, e armados com facas.

O exército israelense indicou que vai manter ou suspender as restrições em função da evolução da situação. Uma autoridade israelense deu a entender à AFP que a medida deverá ser prolongada.

O posto de controle onde ocorreu o ataque de domingo, utilizado com frequência por diplomatas, jornalistas e trabalhadores humanitários, permaneceu fechado nesta segunda-feira, assim como outras entradas.

"Adotamos medidas de segurança na região e apenas os residentes de Ramallah podem entrar na cidade", afirmou uma porta-voz militar.

A medida também é aplicada aos estrangeiros.

E apesar do anúncio do exército israelense mencionar apenas as entradas em Ramallah, a medida também parece afetar as saídas, provocando enorme frustração.

Os veículos tinham a possibilidade de seguir viagem após uma revista.

Muitos palestinos, trabalhadores humanitários e diplomatas entram diariamente em Ramallah, onde trabalham.

E as limitações de locomoção dos palestinos "tiveram um impacto sobre a nossa capacidade de trabalhar, revelou um diplomata ocidental, acrescentando que "várias reuniões precisaram ser canceladas porque nossos interlocutores palestinos não conseguiram vir".

Mahdi Za;d precisou descer do ônibus que o levaria de Ramallah a Nablus. Um primeiro soldado israelense "começou a analisar os meus documentos e me devolveu dizendo que estava tudo certo, até que um segundo chegou, pegou os meus documentos, afastou-se por uns dez minutos e retornou para me dizer que eu não poderia passar", relatou o homem de 28 anos.

"Eu deveria passar por uma entrevista de emprego. Fazia um ano que esperava ser chamado", declarou.

Estas restrições refletem os enormes obstáculos encontrados diariamente pelos palestinos na Cisjordânia.

Desde o início do atual ciclo de violência, em 1; de outubro, na Cisjordânia, Jerusalém e Israel, morreram 161 palestinos, 25 israelenses, um americano e um cidadão da Eritreia.

Muitos palestinos mortos eram autores ou supostos autores de ataques com armas brancas contra civis ou militares israelenses.

O movimento, que despertou o espectro de uma terceira intifada, é espontâneo, concordam os analistas. Ele resulta, principalmente entre os jovens, dos vexames provocados pela ocupação, a quase ausência de qualquer perspectiva de independência, frustrações econômicas e descrédito nas autoridades palestinas.

Neste contexto, duas decisões da justiça israelense poderiam aumentar as tensões. Elas estão relacionadas com o assassinato do adolescente palestino Abu Muhammad Khdeir por três judeus. O crime contribuiu para a escalada da violência que antecedeu a guerra em Gaza em julho-agosto de 2014.

Um tribunal de Jerusalém deverá dizer na terça-feira se Yosef Haim Ben David, acusado de ser o principal instigador do assassinato, é penalmente responsável.

O mesmo tribunal deverá proferir a sua sentença na quinta-feira contra dois outros acusados, menores de idade %u200B%u200Bem julho de 2014.

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