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Raúl Castro se reúne com Hollande em visita de Estado à França

A visita do presidente cubano à França responde à realizada por seu colega francês a Cuba em maio passado

Agência France-Presse
postado em 01/02/2016 15:08

Paris, França - O presidente cubano, Raúl Castro, em visita de Estado à França, se reuniu na tarde desta segunda-feira (1;/2) com seu colega, François Hollande, no palácio presidencial do Eliseu.

Hollande recebeu Castro aos pés da escada do Eliseu, onde os dois homens se cumprimentaram com um abraço. Posteriormente participarão de uma reunião de uma hora e mais tarde farão uma declaração à imprensa.

Esta visita, dominada por temas econômicos, carrega uma forte dimensão simbólica da abertura de Cuba ao mundo após o degelo com os Estados Unidos.

Raúl Castro havia sido recebido pela manhã pela ministra da Ecologia, Ségol;ne Royal, a número três do governo, em uma cerimônia solene no Arco do Triunfo de Paris, onde recebeu honras militares.

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Após a cerimônia, Raúl Castro percorreu a Champs Elysees escoltado pela Guarda Republicana francesa a cavalo.

Perto do local era possível observar pequenos grupos de simpatizantes castristas segurando bandeiras cubanas.

Um jovem cubano que preferiu não se identificar declarou que estava lá "para ver Raúl" e evidentemente para apoiá-lo.

Um pouco mais adiante, um grupo de membros da associação Cuba Sí Francia se reunia.

"Estamos aqui para saudar e dar as boas-vindas a Raúl Castro". Esta visita "é um acontecimento que desejamos há tempos, que Cuba seja reconhecida pela França e pela Europa com sua soberania e sua independência", afirmou Michel Taupin, um dos membros da associação.

Após a reunião de Castro e Hollande no palácio presidencial, serão assinados vários acordos, incluindo um de anulação de parte da dívida cubana com a França.

Durante a noite, Castro será o convidado de honra de um jantar de gala no Palácio Presidencial.

A visita do presidente cubano à França responde à realizada por seu colega francês a Cuba em maio passado.

Hollande foi o primeiro líder ocidental a visitar a ilha depois do degelo com os Estados Unidos, que começou no fim de 2014 e se concretizou com a abertura de embaixadas dos dois países em meados de 2015.

Dívida, investimentos e direitos humanosParis busca reforçar a presença de empresas francesas em uma Cuba que se abre pouco a pouco à economia de mercado.

Com um comércio anual de 180 milhões de euros, a França forma parte dos 10 primeiros sócios de Cuba e, entre seus planos, está aprofundar suas relações com Havana.

A ilha, um polo turístico em expansão e com uma mão de obra qualificada, é vista pelos Estados Unidos e por seus concorrentes europeus com um interesse renovado.

Paris também considera que Cuba tem um lugar particular na América Latina, uma região prioritária para a diplomacia do governo de Hollande.

Desde sua eleição, em maio de 2012, o presidente francês recebeu diversos líderes latino-americanos, realizou várias visitas a países da região (Brasil, México, Cuba) e viajará em breve a Peru, Argentina e Uruguai.

Com o propósito de criar as melhores condições possíveis para esta nova relação, a França foi recentemente o artífice de um acordo sobre a dívida cubana com seus credores do Clube de Paris.

Em virtude deste convênio, a ilha conseguiu o perdão de 8,5 bilhões de dólares, o que deve desbloquear seu acesso aos mercados financeiros, enquanto espera o fim do embargo americano imposto em 1962, condenado durante vários anos pela França.

Mas Paris quer aproveitar a visita de Castro para ir além e anunciar planos de financiamento no âmbito da reestruturação da dívida cubana.

Os franceses também estão na linha de frente das negociações iniciadas em abril de 2014 entre Cuba e a UE, que em breve podem desembocar em um "acordo de diálogo político e cooperação", o que significará deixar para trás velhas controvérsias sobre os direitos humanos.

O espinhoso tema, pelo qual Cuba é alvo de críticas frequentes, estará nas discussões bilaterais, disse uma fonte diplomática francesa em Paris.

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