Santiago, Chile - O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, chegou neste domingo ao Chile para o início de uma visita que prosseguirá por Peru e Equador, na tentativa de dinamizar as relações comerciais e estender sua influência para além do Oriente Médio.
Erdogan foi recebido no aeroporto pelo chanceler chileno, Heraldo Muñoz, que destacou aos jornalistas "os vínculos muito fortes no âmbito político, econômico e cultural entre os dois povos".
Esta viagem "demonstra a importância que damos aos países da América Latina", explicou a Presidência turca, em uma nota.
Para Erdogan, o Chile é a porta para a América Latina, graças ao Tratado de Livre-Comércio (TLC) firmado por ambos os países em 2011.
"O Chile é um país-chave para nossa abertura na América Latina e no Caribe. Essa estratégia de abertura nesses últimos 10 anos teve um impulso muito importante", destacou o presidente turco, segundo seu tradutor oficial, após se reunir com a presidente chilena, Michelle Bachelet, no Palácio de La Moneda, em Santiago.
"A Turquia inicia no Chile sua aproximação com a América Latina", afirmou Bachelet.
"Acreditamos em que há espaço para expandir e diversificar nosso comércio", disse Bachelet, em particular, com a inclusão "de novos productos e serviços. Esperamos iniciar negociações nesse sentido no curto prazo", acrescentou.
Novos mercadosGraças ao TLC, o comércio bilateral entre Chile e Turquia passou de US$ 350 milhões desde sua entrada em vigor para quase US$ 700 milhões no ano passado. Em 2016, os dois países celebram os 90 anos do estabelecimento das relações bilaterais.
Durante esta visita, ambos firmaram um acordo para estreitar a relação entre as agências de cooperação, e Erdogan manifestou sua intenção de integrar a Turquia à Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal).
Na terça, Erdogan segue para o Peru e, dois dias depois, chega ao Equador, onde encerrará sua visita ao subcontinente. As viagens a esses dois países são as primeiras realizadas por um presidente turco.
Em 2010, Erdogan foi obrigado a cancelar uma visita ao Chile em 2010, quando era premiê, por problemas internos no país. O último chefe de Estado da Turquia que visitou o Chile foi Süleyman Demirel, em 1995.
Na América Latina, Erdogan visitou Cuba, Colômbia e México em fevereiro de 2015.
Além das questões regionais e internacionais, o chefe de Estado da Turquia vai participar de fóruns empresariais para aumentar os laços econômicos.
A Turquia quer diversificar suas relações econômicas para além do Oriente Médio e dos Bálcãs, regiões históricas ligadas ao Império Otomano, de acordo com analistas.
"A visita faz parte da ambição a longo prazo da Turquia de expandir sua presença na América Latina, tanto para aumentar sua influência em nível global quanto para encontrar novos parceiros", afirmou o especialista Aaron Stein, do centro de estudos americano Atlantic Council.
As relações turcas com Rússia, Estados Unidos e União Europeia têm sofrido fortes oscilações no último ano.
Moscou impôs sanções comerciais por causa da derrubada de um caça russo, em novembro, na fronteira com a Síria.
A política externa turca também aponta para a África, continente visitado por Erdogan em várias ocasiões nos últimos anos. O primeiro-ministro e ex-chanceler turco, Ahmet Davutoglu, é considerado o arquiteto dessa política.
Alguns críticos têm descrito a estratégia como "neo-otomana" e distante dos eixos tradicionais de interesse da Aliança Atlântica.
Para o assessor presidencial turco Ibrahim Kalin, contudo, esse ponto de vista demonstra apenas que os críticos continuam vendo o mundo "de acordo com um sistema eurocêntrico".
Como sinal de sua crescente projeção no cenário internacional, as novelas turcas estão fazendo cada vez mais sucesso em alguns países latino-americanos.