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Milhares de civis sírios fogem de ofensiva do regime perto de Aleppo

Entre "60 e 70 mil pessoas" buscaram refúgio na Turquia depois de fugirem da ofensiva do regime, alertou o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, cujo governo se opõe ao poder em Damasco

Agência France-Presse
postado em 04/02/2016 16:34
Damasco, Síria - Dezenas de milhares de civis fugiram de suas casas no norte da Síria, onde o regime, apoiado pela força aérea russa, intensificou nesta quinta-feira sua ofensiva para sitiar a cidade de Aleppo, um dos últimos redutos da rebelião.

Entre "60 e 70 mil pessoas" buscaram refúgio na Turquia depois de fugirem da ofensiva do regime, alertou o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, cujo governo se opõe ao poder em Damasco.

Ele falou em uma conferência de doadores organizada em Londres que já arrecadou mais de 10 bilhões de dólares para ajudar as populações afetadas pelo conflito, de acordo com o primeiro-ministro britânico, David Cameron.

Enquanto isso, as frágeis esperanças de uma solução política para o conflito foram novamente abafadas com a suspensão anunciada na quarta-feira das negociações supervisionadas pela ONU entre o regime e a oposição em Genebra.

Vários países ocidentais acusaram o regime do presidente Bashar al-Assad e seu aliado russo de serem responsáveis pelo fracasso em Genebra.

O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu à Rússia que detenha seus bombardeios, em uma franca conversa com seu colega russo, Serguei Lavrov.

Kerry lembrou a Lavrov que já existe uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que pede um cessar-fogo imediato na Síria, para permitir levar ajuda às cidades sitiadas.

Os aviões russos bombardearam 875 alvos "terroristas" na Síria durante os "últimos três dias", especialmente na região de Aleppo, de acordo com Moscou.

E nesta quinta-feira, 21 civis, incluindo três crianças, morreram em um bombardeio russo contra bairros rebeldes da cidade de Aleppo, denunciou a ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede na Grã-Bretanha.

Ex-capital econômica da Síria, Aleppo é desde 2012 um reduto dos rebeldes, mas alguns bairros a oeste já voltaram às mãos do regime.

;Início do fim;

Os rebeldes estão agora em uma situação extremamente difícil na região. As forças pró-governamentais conseguiram cortar sua principal rota de abastecimento para a Turquia. Para isso, levantaram o cerco de duas aldeias xiitas ao norte de Aleppo, Nebbol e Zahra, sitiadas pelos rebeldes desde 2012.

Se o exército avançar ainda mais em direção a Aleppo, "o cerco será total", alertou Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH. "A menos que recebam uma ajuda de emergência a partir do Golfo ou da Turquia, isso poderia marcar o início do fim para eles".

A ofensiva lançada na segunda-feira pelo exército forçou cerca de 40.000 civis a fugir de suas casas na região, de acordo com OSDH. Milhares deles estão desabrigados no norte da Síria, perto da fronteira com a Turquia.

Alarmado com o número de refugiados indo para a Turquia, Davutoglu acusou os "cúmplices de Bashar al-Assad de serem tão culpados quanto o regime pelos crimes de guerra" cometidos no país, em referência a Moscou.

A Rússia insistiu por sua vez que tem motivos para acreditar que a Turquia prepara uma intervenção depois que lhe negou a permissão para um voo de reconhecimento.

"Temos motivos fundamentais para suspeitar que a Turquia prepara intensamente uma invasão militar em território soberano" sírio, indicou o Ministério da Defesa russo em um comunicado.

Em Damasco, uma autoridade declarou à AFP que o regime ambiciona ir mais longe do que o avanço de quarta-feira.

"O próximo objetivo será fechar a fronteira com a Turquia para impedir a chegada de tropas e armas (para os rebeldes) Em seguida, será a vez da província de Aleppo e a de Idleb (noroeste)", tomada em 2015 pelos rebeldes, informou a fonte.

O Conselho de Segurança da ONU vai realizar na sexta-feira consultas com o mediador da ONU para a Síria, Staffan de Mistura.

Este último, que não quis falar de "fracasso", terá de explicar por que decidiu fazer uma "pausa" até 25 de fevereiro nas negociações em Genebra.

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