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Obama recebe Juan Manuel Santos para discutir ajuda à Colômbia

Os dois dirigentes vão avaliar os avanços das negociações em Havana entre o governo colombiano e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), bem como os esforços na luta contra o narcotráfico

Agência France-Presse
postado em 04/02/2016 17:56
O presidente americano, Barack Obama, se reúne, nesta quinta-feira (04/02), com seu colega colombiano, Juan Manuel Santos, para impulsionar o financiamento da paz na Colômbia, após 15 anos de ajuda militar na guerra contra o narcotráfico e a guerrilha. Santos será recebido na Casa Branca para comemorar este período em que tem vigorado o Plano Colômbia. "Vim para agradecer os americanos e seu governo pelo que têm feito" para ajudar a Colômbia durante um "tempo muito difícil", disse Santos, na quarta-feira, ao iniciar sua visita de três dias a Washington.

Os dois dirigentes vão avaliar os avanços das negociações em Havana entre o governo colombiano e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), bem como os esforços na luta contra o narcotráfico na Colômbia, primeiro produtor mundial de folha de coca. Mas o líder deste país estará especialmente interessado em obter o compromisso de Obama em dar assistência no momento do pós-conflito.

[SAIBAMAIS]O governo de Santos está prestes a assinar um acordo histórico de paz com os guerrilheiros das Farc. A data prevista é 23 de março. "Estamos muito comprometidos em ajudar a Colômbia a implantar a paz, o que será muito importante", assegurou o diretor para a América Latina do Conselho de Segurança Nacional, Mark Feierstein.

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Santos também vai precisar que os Estados Unidos retirem as Farc de sua lista de terroristas e aceitem que alguns de seus membros não sejam extraditadas. O enviado especial de Washington no processo de paz, Bernard Aronson, disse que quando a organização guerrilheira "mudar fundamentalmente - abandonar a violência, entregue as armas, não seja mais hostil aos americanos e a seus interesses -, essa designação poderá ser revisada".

Novo pedido ao Congresso

A Casa Branca destacou, nesta semana, que pedirá ao Congresso a aprovação de um novo pacote de ajuda à Colômbia, além dos 300 milhões de dólares este ano. "Queremos assegurar que os investimentos que fizemos ao longo destes 15 anos se consolidem e não sejam perdidos", apontou Feierstein.

À medida que a Colômbia se aproxima da paz, os Estados Unidos planejam enviar recursos para a desminagem, a desmobilização dos guerrilheiros e assistência às vítimas dos mais de 50 anos de conflito armado, que deixou 220 mil mortos e aproximadamente seis milhões de deslocados, segundo dados oficiais. O governo americano também espera ajudar a expandir a segurança e os serviços públicos nas zonas de conflito - onde a presença do Estado colombiano foi marginalizado -, esperando preencher o vazio que as guerrilhas deixarão.

Em tempos de extrema polarização política em Washington, o "Plano Colômbia" pôde contar com o apoio dos partidos Democrata e Republicano. Em 15 anos, o país recebeu 10 bilhões de fundos americanos, focados principalmente no fortalecimento militar.

Café da manhã com Biden

Ainda assim, a aprovação de novos recursos no Congresso, dominado pela oposição republicana, não está livre de obstáculos neste ano de eleições presidenciais e de recortes financeiros. Alguns republicanos advertem que os acordos de paz darão espaço para a impunidade a líderes guerrilheiros acusados de sequestros e narcotráfico.

Após se reunir com Santos na quarta-feira, o presidente da Comissão dos Assuntos Externos da Câmara dos Representantes, Ed Royce, disse que é "fundamental que o governo de Santos mantenha firmes nossas ganâncias duramente golpeadas no combate ao narcotráfico e às redes terroristas". Crítico das negociações de paz, o diretor para as Américas do Human Rights Wacth, José Miguel Vivanco, pediu à Casa Branca que exigisse maiores garantias ao governo colombiano.

"Se Obama tem um compromisso sério com a paz na Colômbia, deve solicitar que Santos garanta uma redenção de contas genuínas pelas atrocidades cometidas durante o conflito armado", disse Vivanco em um comunicado. Na quarta-feira, o presidente colombiano implantou uma extensa defesa das negociações em Havana, afirmando que o acordo previsto é "um exemplo para todo o mundo". "Estamos detendo a fábrica de violações aos direitos humanos que é a guerra", afirmou o líder em uma conferência em Wilson Center, um centro de análise.

Santos continuou sua visita, nesta quinta-feira, com um café da manhã com o vice-presidente Joe Biden, que, como senador, acompanhou os quase 15 anos do Plano Colômbia, em Cartagena, no Caribe colombiano. Em seguida, o presidente colombiano presidiu uma cerimônia em homenagem aos soldados colombianos no Cemitério Nacional de Arlington, em Washington, onde depositou flores no túmulo de um soldado desconhecido. Ele também se reunirá com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.

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