O senador americano Marco Rubio, filho de imigrantes cubanos, foi o principal alvo dos ataques de seus rivais em um debate de pré-candidatos do Partido Republicano particularmente tenso, a quatro dias das primárias de New Hampshire.
"Ele simplesmente não tem experiência para ser presidente dos Estados Unidos", disparou o governador de Nova Jersey, Chris Christie, durante o debate, especialmente duro, em que acusou o senador da Flórida de não ter se envolvido em uma decisão importante "pela qual tivesse tido que ser responsabilizado".
O ex-governador da Flórida Jeb Bush também questionou a experiência de Rubio, alegando que o país precisa de um presidente que obtenha consensos. "Já tentamos (um jovem senador) com Barack Obama", citou.
Agitado, Rubio, 44, o mais jovem da campanha, tentou driblar a ofensiva, repetindo cinco vezes o mesmo ataque ao presidente Barack Obama, a quem acusou de querer "mudar este país, para que os EUA sejam como o restante do mundo".
"Quando eu for presidente, iremos retomar todas as coisas que fizeram dos EUA a nação mais grandiosa do mundo", declarou Rubio, que ficou em terceiro lugar em Iowa, estado que abriu as primárias, na última segunda-feira.
Este foi o debate mais reduzido da campanha republicana, com apenas sete pré-candidatos. Para muitos deles, foi a última oportunidade de convencer os eleitores indecisos de New Hampshire, estado que representa a segunda etapa da maratona para designar os candidatos republicano e democrata que irão se enfrentar na eleição presidencial de 8 de novembro.
Donald Trump, que voltou à cena, após boicotar o debate anterior, apresentou-se como o pré-candidato "de melhor temperamento" para ser presidente dos EUA, reforçando sua posição contra a imigração ilegal e o "problema dos muçulmanos". "Nosso país já não vence, vamos vencer com Trump", afirmou o magnata do ramo imobiliário, que, pela primeira vez, não foi o centro dos ataques.
- Diferenças sobre imigração -
Trump ostenta o recorde de rejeição em seu partido: 30% dos republicanos dizem que jamais o elegeriam candidato à presidência, segundo uma pesquisa do instituto Quinnipiac divulgada na última sexta-feira. Apenas 7% dos eleitores do partido disseram que jamais apoiariam Rubio.
Em New Hampshire, Trump lidera as pesquisas, com 35% de apoio dos eleitores republicanos, com uma vantagem de 21 pontos sobre os 14% de Rubio, segundo a pesquisa mais recente da Universidade de Massachusetts Lowell e 7News. Nove por cento dos eleitores estão indecisos.
Durante o debate, realizado em uma universidade católica da cidade de Manchester, os candidatos expressaram suas posições sobre os temas imigração, terrorismo, saúde, Forças Armadas e polícia, veteranos e casamento gay.
Trump se mostrou favorável ao uso da simulação de afogamento contra suspeitos de terrorismo, uma técnica de interrogatório proibida por Obama e que também foi apoiada pelo senador Ted Cruz em casos de urgência. Jeb Bush se opôs.
"Se alguém está aqui ilegalmente, deve ser deportado", afirmou Cruz sobre a questão dos 11 milhões de imigrantes sem documentos nos EUA, a maioria deles de origem latina.
O governador de Ohio, John Kasich, disse que "não se poderia imaginar separar famílias", ao propor um caminho para a legalização, sem cidadania, destes imigrantes.
Já Rubio se mostrou contrário a discutir qualquer regularização antes do reforço da fronteira com o México. Bush, Christie e Kasich pressionaram sobre sua capacidade de resolver problemas e suas posições mais centristas.
Apesar dos protestos, a única mulher na lista republicana, Carly Fiorina, ex-presidente da empresa de informática Hewlett-Packard, foi excluída do debate, devido a seu desempenho fraco nas pesquisas de opinião.
Rene Paquin, instrutor de deficientes visuais, disse que esta eleição é tão importante, que o fez assistir a seu primeiro debate político. "Estou buscando alguém íntegro, que nos diga a verdade e acredite que realmente pode fazer a diferença", disse à AFP.