Jerusalém - A organização defensora dos direitos humanos Human Rights Watch denunciou nesta segunda-feira a execução anunciada no domingo de um membro do braço armado do Hamas na Faixa de Gaza.
"A morte anunciada de Mahmud Eshtaui parece ser uma execução extrajudicial por parte das forças vinculadas com o Hamas, e uma aplicação do chamado procedimento revolucionário, geralmente sinônimo de torturas, coerção e execuções sumárias", afirmou Sari Bashi, diretora da HRW para Israel e os territórios palestinos.
O braço armado do movimento islamita palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, anunciou no domingo ter executado um de seus membros acusado de espionagem e condenado à morte por uma corte marcial do mesmo grupo.
"As brigadas Ezzedin al-Qassam anunciam que a pena de morte pronunciada contra um de seus membros, Mahmud Echtaui, foi aplicada neste dia às 16h locais (12h em Brasília)", declara um comunicado do braço armado do Hamas.
O texto não detalha as acusações contra o combatente, limitando-se a dizer que "a justiça militar e islâmica das brigadas pronunciou esta pena porque o acusado havia violado as regras e a ética do grupo".
Echtaui, um dos chefes das brigadas Al Qassam, era acusado de espionar para Israel. Era o encarregado dos túneis, a principal ferramenta estratégica do movimento, segundo fontes próximas à formação. É a primeira vez que as brigadas Al-Qassam anunciam a execução de um de seus próprios membros.
Segundo várias fontes, Echtaui era responsável por uma das mais importantes unidades dessas brigadas e colaborador muito próximo de Mohamed Deif, o escorregadio chefe da Al-Qassam. Após cinco fracassos, o Exército israelense tentou matar Deif mais uma vez, durante a última guerra na Faixa de Gaza em julho e agosto de 2014.
Certo número de condenações no enclave são pronunciadas, por tribunais tanto civis como militares, sob a acusação de crimes de espionagem a favor de Israel.
O Centro Palestino de Direitos Humanos (PCHR), uma das organizações mais ativas neste âmbito nos territórios palestinos ocupados, informou no final de dezembro que em 2015 foram pronunciadas nove penas capitais na Faixa de Gaza e duas na Cisjordânia ocupada. Essa região é liderada pela Autoridade Palestina, com a qual o Hamas mantém relações muito tensas.
Desde o início deste ano, quatro palestinos de Gaza foram executados acusados de espionar para Israel.