Aos 3 anos, Kim Jong-un atirou com a arma do avô, Kim Il-sung. Aos 8, dirigiu um carro a 200km/h. Com apenas 9 anos, ao praticar tiro, acertou o centro do alvo por 10 vezes em três segundos. Além de difundirem as absurdas supostas façanhas do ditador, os livros escolares da Coreia do Norte são estritamente adaptados às necessidades do regime comunista. A ideologia se faz presente até mesmo no ensino da matemática para crianças entre 7 e 8 anos, com enunciados direcionados a implantar o ódio ao imperialismo e obediência canina a Pyongyang. ;Bastardos americanos têm cinco tanques. O Exército Popular esmaga três deles. Quantos tanques sobraram?; Para se perpetuar no poder, a terceira geração da família Kim impõe a 24,9 milhões de norte-coreanos um controle baseado no horror e na subserviência absoluta.
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Não são tolerados desvios. No país mais hermético do planeta, qualquer sinal de contestação é punido com trabalho forçado, prisão e execução. Especialista na doutrinação implementada pelo Terceiro Reich de Adolf Hitler, o historiador e sociólogo Michael H. Kater ; docente da York University (em Toronto, Canadá) ; explica ao Correio que os professores da Coreia do Norte são treinados para crer na omnisciência de Kim Jong-un. ;As crianças se veem compelidas a regurgitar o que lhes é dito. Quaisquer objeções são punidas pelo mestre ou pela organização juvenil nacional. Fotografias do ditador estão penduradas em cada sala de aula. O Estado organiza eventos em que professores e jovens têm a obrigação de comparecer e entoar cantos, em honra ao líder.;
Kater explica que o regime utiliza dois instrumentos para se certificar de que os cidadãos fazem a linha do Partido Comunista. O mais temido e comum são os campos de concentração, espalhados por todo o país. ;Os presos, incluindo crianças, podem ser mortos pelos guardas sem motivo aparente. Com frequência, os detidos ficam tempo bastante nesses locais para formar relacionamentos e ter filhos. Eles enfrentam trabalho pesado, sem quase se alimentar. Outra ameaça de terror é a execução. Espiões vigiam toda a população;, acrescenta o canadense.
Capitão desertor do Exército da Coreia do Norte, Kim Joo-il conta ao Correio que, em 1947, o regime começou a integrar os campos de prisão política, que mantêm 154 mil detidos. ;Hoje, há seis dessas instalações, uma versão moderna dos campos de concentração nazistas, além de centenas de campos correcionais de trabalho e centros de detenção. Neles, apregoa-se o termo ;trabalho de solidariedade;;, ironiza. De acordo com o dissidente, quem danificar itens ligados à idolatria de Kim Jong-un ou fizer comentários sobre o corpo do ditador é alvo de aprisionamento.
Vigilância
A vigilância sobre a sociedade é fortalecida por meio de agências de informação. ;O regime adota um desumano sistema de crime por associação. As punições se estendem não apenas ao transgressor, mas ao primo de terceira geração;, diz Kim. Os norte-coreanos seguem a máxima ;Se eu aguentar, a minha família pode viver;. ;A Coreia do Norte perpetua um sistema político assassino, que cria um medo psicológico desumano;, conclui.
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