Jacqueline Saraiva
postado em 16/02/2016 06:32
O segredo para a felicidade talvez ainda não tenha uma resposta absolutamente certa, mas o governo dos Emirados Árabes Unidos é o primeiro a levar a questão tão a sério, a ponto de fazer mudança na estrutura do governo. O primeiro-ministro e governante do país Sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum anunciou, na semana passada, a criação do Ministério da Felicidade. O país agora terá um responsável por garantir a manutenção do nível alto de endorfina dos cidadãos. A ministra escolhida para este cargo inédito é Ohood Al Roumi, que também atua como secretária-geral do gabinete do primeiro-ministro.No Twitter, Rashid afirmou que a felicidade nacional não é um anseio. ;A felicidade não é apenas um desejo piedoso em nosso país. Haverá planos, projetos, programas e indicadores. Fará parte do trabalho de todos os ministérios;, escreveu. Outros ministérios curiosos também foram anunciados, como o da Tolerância ; que será liderado pela ex-ministra da Cooperação Internacional e do Desenvolvimento, Loubna al-Qassimi ; e o da Juventude, a ser comandado por uma jovem diplomata de 22 anos, Chemma al-Mazroui. No total, o novo governo contará com oito mulheres e a média de idade dos 29 ministros será de 38 anos. As nomeações ocorreram no domingo (14/2).
Os anúncios são considerados uma revolução para os Emirados, uma rica federação petroleira do Golfo que inclui sete Emirados, liderados por Abu Dhabi e Dubai. ;A chave do sucesso de um governo é introduzir mudanças reais que façam parte da felicidade do homem", explicou o primeiro-ministro.
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Outras mudanças feitas pelo governo também chamaram a atenção, como a criação de um conselho de cientistas que terão a missão de desenvolver ;uma nova geração de cientista;. O país também se esforçará cada vez mais para lidar com as alterações climáticas. Para isso, o Ministério do Ambiente e Água será o Ministério das Alterações Climáticas e Ambiente.
A cara da felicidade
Além de prometer transformar a felicidade no ;estilo de vida; dos moradores, a decisão de reestruturar o governo, feita por Sheikh Mohammed bin Rashid, é também uma forma de promover mais o turismo no país. Os Emirados Árabes Unidos, que tem um dos mais altos níveis de PIB per capita no mundo árabe, é visto como um refúgio de estabilidade numa região assolada por tumulto e onde a devoção da população aos governantes é elevado e pouca dissidência é tolerada.
Os Emirados seguem os passos de Butão, um pequeno reino do Himalaia que ganhou fama após promover uma filosofia econômica baseada na "felicidade nacional bruta" no lugar do produto interno bruto. No ano passado, os Emirados Árabes Unidos ocuparam a 20; colocação no ranking mundial de felicidade, elaborado por pesquisadores da Universidade de Columbia. A lista tem a Suíça em primeiro lugar.
Só faltou a felicidade
Uma ideia semelhante foi colocada em prática, em 2013, pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro. Enquanto a população amargava índices altos de inflação, desabastecimento de itens básicos, como papel higiênico e produtos alimentícios, ele decidiu se ;preocupar; com a felicidade da população criando o vice-ministério da Suprema Felicidade Social do Povo Venezuelano. O objetivo era coordenar os programas assistencialistas que tornaram os mais pobres dependentes do falecido general Hugo Chávez, mentor político de Maduro.
Com informações da France Presse