Apenas 90 milhas (cerca de 144km) separam os Estados Unidos de Cuba. Em breve, a distância será virtualmente menor e vai possibilitar com que turistas norte-americanos admirem o Malecón ; o muro de 8km que se estende sobre a costa norte da capital cubana ;, retornem no tempo ao se aventurarem por Habana Vieja ou curtam praias paradisíacas. Na tarde de ontem, em Havana, o secretário de Transportes norte-americano, Anthony Foxx; o subsecretário de Estado para Assuntos Econômicos e de Negócios, Charles Rivkin; o ministro dos Transportes cubano, Adel Yzquierdo Rodríguez; e o presidente do Instituto de Aviação Civil de Cuba, coronel Alfredo Puig, assinaram acordo para a retomada de voos entre os EUA e a ilha socialista, depois de meio século. A medida ocorre seis meses após Washington reabrir a embaixada na nação caribenha. A expectativa é de que o aumento no fluxo de viajantes do vizinho capitalista possa acelerar o fim do embargo comercial imposto em retaliação à Revolução Cubana.
As bases do pacto permitirão a cada país operar até 20 voos diários entre cidades dos Estados Unidos e Havana. Ambos também poderão manter 10 conexões diárias entre os EUA e cada um dos nove aeroportos internacionais de Cuba, o que totalizará 110 viagens aéreas por dia. ;Nós estamos animados em anunciar a disponibilidade de novas oportunidades agendadas de serviços aéreos até Cuba para as transportadoras e companhias aéreas dos EUA e para o público viajante. Vamos conduzir esse procedimento de maneira desenhada a maximizar os benefícios públicos;, declarou Foxx.
As companhias aéreas norte-americanas terão 15 dias para solicitar ao Departamento de Transportes dos EUA a permissão para servirem a destinos cubanos. No mesmo período, vão recorrer à autorização dos órgãos de aviação da ilha. ;Os melhores embaixadores da América são os seus cidadãos. Depois de meio século de isolamento, os povos cubano e norte-americano começam a forjar fortes relações interpessoais. O acordo vai ampliar as oportunidades para que as populações dos dois lados do Estreito da Flórida se conectem;, explicou ao Correio, por e-mail, James Williams, presidente da Engage Cuba ; coalizão de companhias privadas e de organizações que trabalham pela suspensão do embargo à ilha de Fidel Castro.
Williams acredita que, sob o prisma político, a medida vai fazer com que os viajantes norte-americanos defendam relações normalizadas entre os países, ao retornarem de Cuba. ;Como os governantes eleitos têm a responsabilidade de escutar os eleitores, o embarque rumo a Cuba é o primeiro passo para a mobilização e a educação dos cidadãos americanos, a fim de promoverem a suspensão da proibição às viagens;, observa.
Collin Laverty, presidente da Cuba Educational Travel, lembra à reportagem que existem restrições para viagens de cidadãos dos EUA ao destino caribenho. ;O governo Barack Obama tem tomado medidas para flexibilizá-las, mas ainda não podemos fazer puro turismo. Somente temos autorização para desembarque em Cuba por motivos específicos, como conferências, eventos educacionais ou desportivos etc. Os voos comerciais facilitarão com que mais pessoas possam viajar dentro das 12 categorias permitidas;, afirma o CEO da empresa de Washington, que oferece viagens com curadoria a Cuba a associações de advogados, grupos de executivos, universidades etc. Ele espera que a possibilidade de adquirir um bilhete aéreo aumente o número de visitantes e ajude a economia cubana. ;Muito vai depender da infraestrutura de Cuba para receber mais pessoas. Havana quase não suporta a quantidade atual de visitantes.;
Fábrica de tratores
Em uma mostra da normalização dos laços entre EUA e Cuba, a Cleber LLC, fábrica de tratores baseada no estado norte-americano do Alabama, recebeu autorização para construir uma planta na ilha. Mudanças anunciadas em 4 de fevereiro pelo Departamento do Tesouro e pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac) estabeleceram uma série de parâmetros para que as companhias norte-americanas participem de projetos para ajudar Cuba a melhorar o ambiente econômico e se tornar parceira da economia global. ;Nós escolhemos tratores como ponto de partida, pois mais de 70% da terra cubana retornou para o setor privado, a fim de ser trabalhada em benefício direto de agricultores;, comentou o cubano-americano Saúl Berenthal, cofundador da empresa.
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