Mundo

Em consequência de um câncer, morre cineasta polonês Andrzej Zulawski

O cineasta polonês Andrzej Zulawski, uma figura controversa e vanguardista, morreu, nesta quarta-feira, aos 75 anos, em consequência de um câncer

Agência France-Presse
postado em 17/02/2016 14:09
Varsóvia, Polónia - O cineasta polonês Andrzej Zulawski, uma figura controversa e vanguardista, morreu, nesta quarta-feira, aos 75 anos, em consequência de um câncer.

O ator, roteirista e diretor, que filmou várias produções na França, foi casado com a atriz francesa Sophie Marceau.



"Meu pai morreu nas primeiras horas de hoje (quarta-feira) em um hospital na Polônia", disse à AFP seu filho mais velho, Xawery Zulawski.

"Tinha projetos, mas tomou sua decisão. Foi a morte. Ele não lutou, não queria lutar. Considerou que estava escrito assim", afirmou.

Xawery, também diretor e roteirista, havia publicado em sua página no Facebook que seu pai estava em fase terminal e que, apesar da terapia intensiva a que era submetido no hospital, "o avanço da doença não permitia qualquer ilusão".

"É uma grande perda para o cinema polonês e mundial", declarou o crítico de cinema Janusz Wroblewski, dando destaque aos filmes "A Terceira Parte da Noite" (1971) e "The Devil" (1972), tento sido, este último, proibido em seu país.

Produções como "A Mulher Pública" (1984) trouxeram doses de erotismo selvagem à sua obra, com um toque de niilismo e desesperança.

Tinha três filhos, um deles com Sophie Marceau, da qual estava separado desde 2001.

"Elaborou sua própria linguagem, muito pessoal e original. Era provocador e rompia com muitos mitos poloneses. Introduziu o erotismo em seus filmes", que são agora "clássicos do cinema, mas em seu tempo eram obras de vanguarda", afirmou Wroblewski.

O presidente da Associação de Cineastas da Polônia, Jacek Bromski, disse ao canal pago Polsat que Zulawski era um artista "muito original, às vezes controverso, mas sempre fiel a si mesmo".

Nascido em 1940, em Leópolis, antigo território polonês que agora pertence à Ucrânia, deixou seu país para viver na França, onde seu pai trabalhou como diplomata na Unesco.

"Quando era criança, vi coisas que não deveria ter visto. Foi isso o que me deu este sentimento de que cada dia é um milagre", contou, em 2004, durante uma entrevista à revista francesa Paris Match.

Seu atrativo físico lhe permitiu desempenhar papéis como ator secundário em alguns filmes e o destinou a ter uma vida sentimental muito variada.

Primeiro, foi casado com a atriz polonesa Malgorzata Braunek, mãe de seu primogênito Xawery; depois, teve uma relação com a pintora Hanna Wolska, mãe de seu segundo filho Ignacy, e depois se casou com Marceau, mãe de seu filho Vincent, nascido em 1995.

O antigo presidente do Festival de Cannes, Gilles Jacob, lembrou de Zulawski como um vanguardista.

"Cineasta livre/ vanguardista/ uma câmera frenética e erotismo vitaminado/Zulawski era também um poeta/ escritor/ filósofo. Um herdeiro de Wajda/outro rebelde", disse em referência a Andrzej Wajda, um dos fundadores mais relevantes da escola polonesa.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação