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Níger terá eleições presidenciais sob fortes tensões

Os nigerianos vão às urnas no domingo para eleger seu presidente

Agência France-Presse
postado em 19/02/2016 10:21
Niamei, Níger - Os nigerianos vão às urnas no domingo para eleger seu presidente, depois de uma campanha eleitoral marcada pelas tensões entre adversários políticos em um país mergulhado na pobreza e sob a ameaça de ataques jihadistas.

O presidente Mahamadou Issoufou, de 63 anos, que disputa um segundo mandato, prevê uma vitória por nocaute no primeiro turno, frente a uma oposição muito fragmentada.



Seus adversários, no entanto, prometeram se unir para o segundo turno.

Quase 7,5 milhões de pessoas devem eleger entre um total de 15 candidatos em uma eleição presidencial simultânea às legislativas.

Os resultados devem ser proclamados cinco dias depois das eleições, mas há crescentes temores de problemas na hora da apuração.

A campanha foi marcada por confrontos entre opositores e partidários do presidente.

Um dos candidatos, Hama Amadou, foi preso há dois meses por envolvimento com o tráfico de bebês.

Outros temas complexos como a prisão de membros da sociedade civil, o medo de ataques jihadistas e a impugnação das listas eleitorais também afetaram sobre a campanha.

Issoufou foi eleito em 2011 depois de uma votação convocada pela junta que derrubou o carismático Mamadu Tandja (1999-2010).

Nas eleições se enfrentam dois ex-primeiros-ministros: Seini Oumarou, do ex-partido de Tandja, e Hama Amadou. Também estão na disputa Mahamane Ousmane, o primeiro presidente eleito democraticamente (1993-1996) e um quarto candidato, Amadou Boubacar Cissé, conhecido como "ABC".

Um dos temas da campanha é a luta contra a miséria e os problemas gerados pela mudança climática.

O país, em que cerca de 76% da população vive com menos de dois dólares por dia, tem uma demografia em ebulição, com a maior taxa de natalidade do mundo.

A crescente desertificação, por outro lado, gerou caóticas migrações para outras cidades.

Em 2016, quase de dois milhões de pessoas precisarão de ajuda alimentar, segundo a ONU.

Outra preocupação é a mobilização do exército para conter a ameaça do grupo jihadista Boko Haram, que de suas posições na vizinha Nigéria, também ataca o Níger.

No norte, o país também sofre com os ataques dos jihadistas do Sahel.

A corrupção também é um tema quente.

"Roubam como se o país pertencesse a eles", comenta Moussa Mutari, um estudante.

A esperança do presidente é que o eleitorado aposte na continuidade, segundo uma fonte do partido no poder.

Já conscientes de que haverá um segundo turno, os candidatos da oposição acertaram dar seu apoio a quem avançar para a próxima fase da votação.

Os observadores consideram possível uma vitória do atual presidente já no primeiro turno, mas em uma eleição em que não há pesquisas de opinião e muitos eleitores votarão pela primeira vez, o resultado é algo impossível de prever.

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