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Dilma chega ao Chile para ampliar relação comercial

Essa é a primeira viagem da presidente durante o segundo mandato de sua colega chilena

Agência France-Presse
postado em 26/02/2016 18:57

A presidente brasileira, Dilma Rousseff, iniciou nessa sexta-feira (26/02) uma visita de dois dias no Chile, com o objetivo de reforçar a cooperação, sobretudo em matéria de infraestruturas, e de ampliar os acordos econômicos a áreas como os serviços financeiros e as compras governamentais.

Essa é a primeira viagem da presidente durante o segundo mandato de sua colega chilena. Além de compartilharem a ideologia e a sensibilidade pelos temas sociais, assim como o passado pela luta pelas liberdades - ambas sofreram torturas durante as ditaduras de Brasil e Chile - compartilham dificuldades em casa por uma mesma causa: a corrupção.

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Enquanto Dilma Rousseff enfrenta um pedido de impeachment, a popularidade de Bachelet se volatilizou por um caso de corrupção que atinge sua nora Natalia Compagnon.

Dificuldades políticas a parte, esta visita, preparada de última hora, pretende reforçar a cooperação entre os dois países, em particular em matéria de infraestruturas, e ampliar os acordos econômicos a áreas como os serviços financeiros e as compras governamentais.

"Queremos fazer um acordo sobre compras governamentais não só com o Chile, também estamos vendo com o Peru e possivelmente com o México", disse à imprensa o subsecretário-geral da América do Sul, Central e do Caribe do Itamaraty, Paulo Estivallet de Mesquita.

Um acordo desse tipo permitirá que as empresas chilenas concorram a licitações públicas no Brasil, o que até agora era exclusividade das brasileiras.

O Brasil quer impulsionar com o Chile um acordo sobre serviços financeiros, como já fez com México e Colômbia, que complemente o acordo de cooperação existente entre os dois países.

Durante essa visita não se assinará nenhum acordo em partes, mas, segundo o diplomata, as duas mandatárias pretendem dar um "empurrão" na construção dos corredores bioceânicos.

Um desses de corredores uniria o Mato Grosso do Sul ao norte do Chile.

Às infraestruturas soma-se também a necessidade de medidas para "facilitar o comércio", porque de nada elas servem se as mercadorias ficam retidas nas fronteiras à espera de cumprir os trâmites burocráticos.

"Dilma e a anfitriã chilena darão a direção do que os dois países tem que fazer", disse Estivallet de Mesquita.

Além da sintonia das duas mandatárias socialistas, Brasil e Chile mantêm posições similares em vários assuntos da agenda internacional, tanto em matéria de drogas e direitos humanos, como de ONU e Haiti, onde integram as forças de pacificação.

O Brasil é o principal destino dos investidores chilenos no exterior, o que lhe transformou no 4; maior investidor estrangeiro no país, com um montante acumulado de 26,187 bilhões de dólares, equivalente a 26,2% do total nacional, de acordo com os dados oficiais chilenos.

O Chile, por sua vez, é o segundo principal destino para as exportações brasileiras no continente.

Destino confiável

"O Brasil se mantém como um mercado atrativo e confiável para o investidor estrangeiro", afirmou Rousseff em uma entrevista concedida ao jornal El Mercurio de Santiago.

A queda dos preços das matérias-primas, que durante uma década cimentaram o crescimento não só do Brasil e do Chile, mas da maioria dos países latino-americanos, também está prejudicando fortemente suas respectivas economias, embora de forma desigual.

Enquanto a economia brasileira recuou 3,8% no ano passado e espera para 2016 uma queda de 2,9% do PIB, a chilena cresceu em 2015 apenas em torno aos 2%, prejudicada pela queda dos preços do cobre, sua principal exportação, o que obrigará o executivo de Bachelet a fazer ajustes.

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