Silvio Queiroz
postado em 28/02/2016 08:00
É cedo para saber se o cessar-fogo que entrou em vigor na madrugada de ontem na Síria será acatado na medida suficiente para permitir que se avance para o objetivo contemplado pelo conjunto de países que patrocinou o acordo ; criar condições para a retomada do diálogo entre as partes consideradas ;responsáveis; e buscar uma solução diplomática para o conflito, que completa cinco anos em março. Restam poucas dúvidas, no entanto, de que o regime de Bashar Al-Assad irá eventualmente à mesa de negociações na posição mais sólida desde a rebelião que eclodiu em 2011. E a reação de suas forças no campo de batalha é um trunfo também para o principal responsável pelos resultados no campo militar: a Rússia de Vladimir Putin, que entrou em campo no fim de 2015 dando apoio aéreo ao Exército sírio.
Em nome do combate ;aos terroristas; ; categoria que inclui o Estado Islâmico (EI) e a seção local da Al-Qaeda, mas não exclui outras facções rebeldes ;, Putin jogou na Síria mais uma cartada da estratégia que aponta para a recolocação da Rússia entre as potências mundiais. Deslocou para a base aérea de Hmeimim 40 dos mais modernos caças-bombardeiros, metade do poderio abrigado no porta-aviões americano Truman. Instalou os modernos mísseis antiaéreos S-400 e permitiu-se até um ensaio com o disparo de mísseis de cruzeiro a partir de submarinos baseados no Mar Cáspio, uma inegável exibição de capacidade técnica e militar.
;A intervenção na Síria marca o retorno de Moscou ao cenário global como um ator de primeira linha;, avalia Ruslan Pukhov, analista de assuntos de defesa no think tank russo Cast. Ele ressalta que, pela primeira vez desde o fim da União Soviética, em 1991, o Kremlin se apresenta para salvaguardar o que considera ser seus interesses fora da vizinhança imediata e da antiga área de influência no Leste Europeu. ;A ideia é dizer aos EUA que devem levar em conta, daqui para a frente, se a Rússia está ou não de acordo com os seus movimentos;, completa Ruslov.
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