Caracas, Venezuela - Deputados opositores venezuelanos explicaram ao chanceler brasileiro, Mauro Vieira, as vias "constitucionais" disponíveis para encurtar o mandato do presidente Nicolás Maduro, informaram nesta segunda-feira os parlamentares que visitaram o Brasil na semana passada.
O legislador opositor Luis Florido disse que expuseram ao ministro brasileiro "os mecanismos constitucionais que vão ser ativados na Venezuela nos próximos dias para substituir (...) o governo de Maduro".
"Explicamos o alcance da renúncia, a emenda, a Constituinte, o referendo revogatório e, inclusive, o abandono do cargo" pelo chefe de Estado, explicou Florido, classificando a reunião como "histórica" porque muda a política "esquiva" do Brasil com relação à oposição venezuelana.
A coalizão opositora Mesa de la Unidad Democrática (MUD) tem previsto anunciar na próxima quinta-feira a fórmula que promoverá para antecipar a saída de Maduro, eleito para o período 2013-2019.
Além disso, os parlamentares venezuelanos esperam que seus contrapartes brasileiros aprovem esta semana em plenário uma "resolução" para apoiar a lei de anistia, impulsionada pela maioria opositora na Assembleia, que busca libertar 76 políticos presos, entre eles Leopoldo López.
Também pediram ao governo da presidente Dilma Rousseff para "ativar o protocolo de Ushuaia", que exige aos países-membros do Mercosul respeitar a democracia, depois que o Poder Judiciário venezuelano desconheceu o repúdio do Parlamento a um decreto de emergência econômica determinado por Maduro.
Florido assegurou que por solicitação da bancada opositora, o Tribunal de Contas brasileiro decidiu investigar empresas que concordaram em vender remédios e alimentos ao governo venezuelano após uma visita ao Brasil feita, em junho do ano passado, ao então presidente do Parlamento, Diosdado Cabello.
Diante da escassez de medicamentos registrada na Venezuela, Cabello disse que a câmara de industriais do Brasil está fazendo consultas com laboratórios do país para fazer uma doação através da Cruz Vermelha venezuelana.
A Venezuela sofre com uma severa crise econômica, agravada pela queda do preço do petróleo - que fornece 96% das divisas do país - e que se traduziu em um desabastecimento de mais de dois terços dos produtos básicos e inflação de 180,9% em 2015.