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Presidente sírio deseja que trégua na Síria 'funcione'

Ele também propôs aos combatentes da oposição que entregarem as armas "um retorno à vida civil" e "uma anistia completa"

Agência France-Presse
postado em 01/03/2016 15:50

O presidente sírio, Bashar al-Assad, prometeu garantir que o cessar-fogo em seu país "funcione", no quarto dia de uma trégua que, contra todas as probabilidades, tem sido respeitada.

Enquanto russos e americanos, patrocinadores do acordo de trégua que entrou em vigor no sábado, duvidavam da sua viabilidade, a paralisação das hostilidades entre o governo e os rebeldes era mantida em muitas partes da Síria, um país devastado por quase cinco anos de guerra.

"Vamos fazer o que está a nosso alcance para que funcione", declarou Assad em uma entrevista à televisão pública alemã ARD.

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Ele também propôs aos combatentes da oposição que entregarem as armas "um retorno à vida civil" e "uma anistia completa".

Sobre a trégua, "os terroristas romperam já nas primeiras horas", indicou Assad, argumentando que "o exército sírio se abstém de quaisquer represálias para manter as chances de sobrevivência do acordo".

"Mas tudo tem seus limites. Depende do outro lado", advertiu.

Desde o primeiro dia de cessar-fogo, o regime e os rebeldes se acusam mutuamente de violá-lo, embora, no geral, os combates e bombardeios tenham diminuído consideravelmente nas zonas incluídas no acordo.

A Rússia, que conduz uma campanha aérea desde setembro em apoio ao regime de Assad, anunciou 15 violações da trégua nas últimas 24 horas, incluindo em Damasco, nas províncias de Aleppo (norte), Homs (centro) e Latakia (noroeste).

Manifestações

Em algumas localidades tem havido menos violência, mas não um retorno à normalidade.

"Os ataques aéreos diminuíram significativamente, o que é muito positivo", disse à AFP via internet Hassan Abou Nouh, um ativista de Talbissé. "Mas, ao mesmo tempo, as pessoas não podem fazer ao trabalho. Estão na mesma rotina".

Talbissé, na província de Homs, é uma das localidades que deveria fazer parte do acordo de trégua, que é apenas parcial, uma vez que não inclui os grupos jihadistas Estado Islâmico (EI) e a Frente Al-Nusra, o ramo sírio da Al-Qaeda.

Portanto, esses grupos continuam a ser alvo dos ataques do regime, da Rússia ou da coalizão internacional liderada por Washington.

Aproveitando a trégua precária, manifestações anti-regime de algumas dezenas de pessoas foram organizadas em áreas rebeldes depois de quase três anos de silêncio devido aos combates e bombardeios.

Segunda-feira, dezenas de pessoas que se manifestavam na parte rebelde de Aleppo (norte) carregavam uma faixa onde se lia "o povo quer a queda do regime".

Outro pequeno protesto ocorreu na segunda-feira na cidade de Dael (sul).

Após a sangrenta repressão de manifestações pacíficas iniciadas em 2011 para exigir reformas, o país mergulhou em uma guerra destrutiva e mais da metade da população foi deslocada.

;Cessar-fogo duradouro;

Aproveitando esta trégua sem precedentes, a ONU anunciou na segunda-feira que forneceria ajuda humanitária nos próximos dias para 154.000 pessoas em áreas sitiadas do país.

A ajuda da ONU foi entregue na segunda em Muadamiyat al-Sham, cidade sitiada pelo exército, a sudoeste da capital Damasco.

Por sua vez, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, exigiu nesta terça-feira o fechamento da fronteira turco-síria para cortar as rotas de fornecimento dos "terroristas", inclusive através de comboios humanitários.

"Melhorar a situação humanitária na Síria (é) uma das principais prioridades da ONU", disse. "No entanto, a resolução dos problemas humanitários e a restauração do país destruído pela guerra só será possível através da manutenção de um cessar-fogo sustentável e o estabelecimento de um diálogo inter-sírio sobre o futuro do país", insistiu.

O vice-primeiro-ministro turco, Yalçin Akdogan, criticou em entrevista à AFP a estratégia dos EUA na Síria, afirmando que "não se pode confiar em um pequeno grupo terrorista", em referência à milícia curdo-síria del YPG, que controla parte do norte da fronteira com a Turquia, na linha de frente da guerra contra o EI.

Em Washington, o chefe das forças da Otan na Europa acusou Moscou e Damasco de utilizar deliberadamente o fluxo de refugiados da Síria como "arma" para desestabilizar a Europa.

O general americano Philip Breedlove afirmou que os ataques aéreos buscam expulsar os sírios de "tal maneira que se convertam em problema dos outros".

A retomada das negociações de paz inter-sírias, marcada para 7 de março, em Genebra, foi adiada por dois dias, "por questões práticas e logísticas", segundo o gabinete do enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura.

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