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Cardeal australiano é investigado por praticar pedofilia armado

Um denunciante contou que Peter Searson empunhava uma arma de fogo e obrigava as crianças a se ajoelharem entre suas pernas para se confessarem.

Agência France-Presse
postado em 02/03/2016 08:52

Sydney, Austrália - Uma comissão de investigação australiana ouviu nesta quarta-feira como um sacerdote armado obrigava crianças a se ajoelharem entre suas pernas durante a confissão, ao mesmo tempo em que o tesoureiro do Vaticano, George Pell, reconheceu que a Igreja viveu um período de "crimes e ocultações".

[SAIBAMAIS]O cardeal australiano George Pell, poderoso "ministro" da Economia do Vaticano, depôs ante a Comissão Real para uma Resposta Institucional ao Abuso Sexual de Menores.

Devido aos seus problemas cardíacos, o ex-bispo de Melbourne e posteriormente de Sydney, de 74 anos, depõe pelo terceiro dia consecutivo por videoconferência a partir de um hotel em Roma.

A comissão se concentra atualmente nas cidades de Ballarat e Melbourne, no Estado de Victoria, onde o cardeal Pell cresceu e trabalhou. Interessa-se pela resposta que a Igreja australiana deu às acusações de pedofilia contra o clero católico, sobretudo na década de 1970.

O caso de Peter Searson, sacerdote da paróquia de Doveton, veio à tona e o cardeal Pell explicou que era um dos homens mais desagradáveis que já conheceu.

Apesar das provas que se acumulavam sobre seu comportamento pedófilo durante os anos 1980, a Igreja não fez nada para destitui-lo. Searson, morto em 2009, só foi condenado uma vez, em 1997, por agressão física a um menino de 12 anos.

Um denunciante contou que Peter Searson empunhava uma arma de fogo e obrigava as crianças a se ajoelharem entre suas pernas para se confessarem.

O cardeal Pell considerou detestável o comportamento de Searson, mas negou estar ciente naquela época do ocorrido e explicou que o falecido arcebispo Frank Little poderia ter feito mais.
"O arcebispo Little parecia incapaz de enfrentar o padre Searson, ou inclusive fornecer informações adequadas sobre a situação", disse, dando a entender que aparentemente decidiu não fazer nada para proteger a reputação da Igreja católica.

A comissão também ouviu que Searson matou um gato agarrando-o pelo rabo e lançando-o por cima de uma cerca, mostrou o corpo de um homem morto em seu caixão a crianças e ameaçou uma menina com uma faca contra seu peito.

O tesoureiro do Vaticano explicou que buscou conselhos do escritório para a educação católica após uma denúncia em 1989, mas o escritório o enganou sobre a natureza dos incidentes atribuídos a Searson.

Desde o início de sua audiência, o cardeal contou que ao menos dois arcebispos e outros membros da hierarquia eclesiástica mentiram por omissão.

"Era um mundo extraordinário. Um mundo de crimes e ocultação. As pessoas não queriam alterar o status quo", declarou.

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