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UE anuncia plano de ajuda humanitária de 700 milhões de euros

Os europeus estão em uma situação cada vez mais crítica, com mais de 130.000 migrantes que chegaram na Europa pelo Mediterrâneo desde janeiro

Agência France-Presse
postado em 02/03/2016 16:42

A União Europeia propôs nesta quarta-feira um plano de assistência humanitária de 700 milhões de euros aos países membros que enfrentam a chegada maciça de migrantes, enquanto milhares de pessoas permanecem bloqueadas na fronteira macedônia.

As recentes restrições impostas pelos países da rota dos Bálcãs bloquearam milhares de migrantes na Grécia, que está à beira de uma crise humanitária segundo a ONU.

Incapazes de dar uma resposta coordenada à crise, os europeus estão em uma situação cada vez mais crítica, com mais de 130.000 migrantes que chegaram na Europa pelo Mediterrâneo desde janeiro.

"É uma crise que testa a nossa União em seus limites", reconheceu nesta quarta o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. Ele falou durante uma visita a Croácia, etapa de um giro pelos Bálcãs que deve terminar na quinta e sexta-feira na Turquia, antes de uma cúpula extraordinária sobre a crise.

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À espera de uma ação de Ancara para frear a partida de migrantes, a Comissão Europeia anunciou um projeto sem precedentes, a fim de fornecer ajuda humanitária de emergência aos países mais pobres e membros da UE na linha de frente nesta crise.

"A proposta de hoje disponibilizará 700 milhões de euros para ajuda humanitária onde ela é mais necessária", indicou o comissário europeu para a Ajuda Humanitária, Christos Stylianide.

O pacote deverá ser dividido em três anos, sendo 300 milhões destinados em 2016.

Este montante será destinado "principalmente para a Grécia, porque é neste país que a crise humanitária é mais grave", assegurou Stylianides, pedindo aos Estados membros e o Parlamento europeu que apoiem "rapidamente" a proposta.

A Grécia, que enfrenta uma situação insustentável na sua fronteira com a Macedônia, onde milhares de migrantes permanecem bloqueados, disse que necessita de 480 milhões de euros para acomodar 100.000 refugiados.

Atenas reconheceu na terça-feira "que não será capaz de gerir todos os refugiados que chegam". Atualmente, o país acolhe 23.000 migrantes.

Na França, rota tomada pelos migrantes que aspiram chegar ao Reino Unido, as autoridades continuavam nesta quarta-feira, pelo terceiro dia consecutivo, com o desmantelamento parcial do campo de refugiados chamado de a "selva" de Calais, depois de uma noite relativamente calma, apesar de vários barracos terem sido incendiados.

Ignora-se se os incêndios foram acidentais ou voluntários.

O acampamento abriga entre 800 e 1.000 imigrantes, segundo o governo, e 3.450, de acordo com associações.

Macedônia reabre fronteira

A Macedônia reabriu nesta quarta sua fronteira, deixando passar mais de 300 refugiados sírios e iraquianos, enquanto outros 10.000 seguem bloqueados no lado grego do posto fronteiriço de Idomeni.

Um primeiro grupo de 170 refugiados entrou em território macedônio durante a noite, e entre 130 e 150 outros atravessaram a fronteira ao longo do dia.

Trata-se dos primeiros grupos de migrantes autorizados a atravessar esta fronteira desde segunda-feira, quando um grupo de 300 pessoas, incluindo iraquianos e sírios, tentaram forçar a cerca de arame farpado. A polícia macedônia respondeu com gás lacrimogêneo.

A Comissão Europeia manifestou a sua preocupação com estes incidentes, mas a Macedônia justificou sua resposta, argumentando uma "tentativa violenta" de intrusão. As autoridades aumentaram a presença de soldados e policiais "por razões preventivas".

A situação nos arredores de Indomeni é cada vez pior. "Entre sexta-feira e domingo, o campo passou de 4.000 a 8.000 pessoas. Agora, temos mais de 9.000", segundo Jean-Nicolas Dangelser, responsável logístico da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) na zona, que administra a distribuição de refeições, que chega a 30.000 por dia.

A Macedônia é o primeiro país na rota dos Bálcãs, utilizada por migrantes que chegam às ilhas gregas a partir da costa turca e que desejam se dirigir aos países da Europa do Norte e Central.

O presidente macedônio, Gjorge Ivanov, assegurou que seu país irá colaborar com a Grécia na crise migratória, após uma reunião com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

Mas ele também evocou "um aumento do número de tentativas de entradas forçadas na Macedônia, de uso de documentos falsos e violência contra as forças de segurança, o que coloca em risco a segurança nacional e a estabilidade regional".

Os diretores das polícias austríaca, eslovena, croata, sérvia e macedônia decidiram na terça em Belgrado pelo reforço dos controles nas fronteiras.

Desde o início de janeiro, mais de 131 mil migrantes chegaram à Europa via Mediterrâneo, segundo cifras do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).

Esta cifra global supera o dos cinco primeiros meses de 2015.

A Grécia, na linha de frente da crise migratória, admitiu na terça-feira "não poder gerenciar todos os refugiados que chegam". Atualmente, a Grécia acolhe 23.000 migrantes.

Na Itália, outro país de entrada, uma dezena de associações denunciaram o comércio de migrantes nos chamados "hotspots", centros de registro criados a pedido de Bruxelas.

Por último, mais ao norte, na Suécia, a agência nacional que se encarregada das migrações pediu nesta quarta-feira um aumento de créditos de 3 bilhões de euros para melhorar as condições de acolhida dos demandantes de asilo.

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