A democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump deram um grande passo no sentido de obter a indicação de seus respectivos partidos, ao dominar amplamente as primárias da "Super Terça".
O polêmico Trump se esquivou dos ataques de seus rivais e venceu em sete dos 11 estados onde aconteceram as prévias republicanas, ficando mais próximo de se tornar o candidato de seu partido à Casa Branca.
Já Hillary venceu em sete estados. Aparentemente, sua estratégia de aproveitar a gestão de Barack Obama deu resultados.
Após o bom desempenho, a ex-primeira-dama de 68 anos atacou a promessa de Trump de "devolver a grandeza aos Estados Unidos".
"Os Estados Unidos nunca deixaram de ter grandeza", disse ela, exultante, em meio aos aplausos de seus seguidores em Miami.
"O discurso que ouvimos do outro lado nunca foi tão baixo", lançou Hillary, referindo-se às posturas de Trump sobre os mexicanos, ou sobre os muçulmanos, uma estratégia que busca "dividir os Estados Unidos".
Trump rebateu, classificando a ex-primeira-dama, ex-senadora e ex-secretária Hillary de "insider" de Washington, incapaz de abordar o enorme desejo de mudança que impera no eleitorado.
"Esteve lá por tanto tempo. Acredito que, se não conseguiu até agora, não conseguirá nos próximos quatro anos", alfinetou o magnata do setor imobiliário, de 69.
A cobiçada "Super Terça", que terminou na madrugada desta quarta-feira no Alasca, é crucial na corrida à Casa Branca, especialmente para os republicanos, que elegeram quase a metade do número de delegados necessário para vencer a disputa interna.
Ontem, Trump somou 234 delegados, enquanto Ted Cruz, vitorioso em três estados, ganhou 209 delegados, e Rubio, apenas com Minnesota, acumulou 90. Vencedor em dez dos 15 estados onde houve prévias, Trump exibe 46% dos delegados necessários para sua indicação.
Clima perturbador
"Foi uma noite fantástica", disse Trump em Palm Beach, na Flórida, ao se apresentar como o único capaz de unificar o partido Republicano e prometendo uma vitória nas primárias que serão realizadas neste estado em 15 de março.
Geórgia, Massachusetts, Tennessee, Alabama, Virgínia, Arkansas, Vermont: com esta série impressionante de vitórias, o belicoso milionário que propõe erguer um muro entre Estados Unidos e México segue sua marcha triunfal, pisoteando os temores do establishment republicano.
A derrota de Marco Rubio na Virgínia, onde alimentava reais esperanças, foi um banho de água fria para o jovem senador de origem cubana e para sua estratégia de reunir todas as forças anti-Trump.
Mas a vitória em Minnesota, a primeira desde o início das primárias, há um mês, permitiu ao senador respirar, antes de apostar agora em seu estado da Flórida. Nele, o vencedor ficará com todos os 99 delegados.
Já o senador republicano ultraconservador Ted Cruz conquistou seu estado do Texas, além de Oklahoma, Colorado e Alasca.
Em uma mensagem velada a Rubio, Cruz convocou os demais pré-candidatos republicanos a abandonarem a corrida e a se unirem a sua campanha para derrotar Trump.
Rubio manteve sua determinação de não recuar, ressaltando as tensões e a crise de identidade que o partido Republicano atravessa.
Em 15 de março, as prévias serão realizadas na Flórida, Ohio, Illinois, Missouri e Carolina do Norte. As duas primeiras são fundamentais para os republicanos.
De acordo com o regulamento do partido, na Flórida e em Ohio, os delegados não são distribuídos proporcionalmente, e o vencedor leva tudo.
Ohio tem um valor histórico e sentimental. Nunca um candidato republicano chegou à Casa Branca sem ter vencido neste estado.
Aspirações intactas
Hillary não deixou dúvidas quanto ao seu avanço para se tornar a candidata democrata à Casa Branca, uma aspiração destruída há oito anos pelo então senador Barack Obama.
Como era esperado, a ex-secretária de Estado conquistou vitórias nos estados do sul, onde os votos das minorias são favoráveis a ela: Geórgia, Arkansas, Virgínia, Alabama, Tennessee e Texas.
Sanders, único rival de Hillary na disputa democrata, venceu em seu pequeno estado de Vermont (nordeste), assim como no Colorado, Oklahoma e Minnesota.
O senador de 74 anos, um favorito entre os jovens democratas, tentou ser otimista, lembrando que a corrida é longa: "ainda restam 35 estados a votar", lançou aos seus seguidores.
"Os latinos terão um papel fundamental no caminho de Sanders rumo na vitória em estados como Arizona, Illinois, Nova York, Califórnia, ou Flórida", comentou o vice-diretor de política da campanha do senador, Arturo Carmona, nesta terça.
De acordo com o jornal "The Washington Post", a ex-senadora conseguiu até agora pouco mais de mil delegados, quase metade dos 2.382 necessários para garantir a indicação democrata. Sanders conta, por sua vez, com algo mais do que 400.