postado em 07/03/2016 06:00
Nove meses depois de entrar na corrida pela sucessão presidencial como alguém para não ser levado a sério, Donald Trump transformou-se em fenômeno eleitoral e arrasta o Partido Republicano a uma de suas mais graves crises internas nas últimas décadas. À medida que o empresário conquista vitórias nas prévias partidárias e lidera as pesquisas de intenção de voto, a cúpula republicana eleva os sinais de preocupação com a possibilidade de ver o polêmico pré-candidato colocando em risco o projeto de reconquistar a Casa Branca.
Aos 69 anos e com fortuna estimada pela revista Forbes em US$ 4,5 bilhões (outubro de 2015), Trump surgiu na corrida presidencial como alguém de fora do circuito político. Chegou a cogitar uma candidatura independente, mas, em um cenário inicial com 14 concorrentes, mantém-se no topo das sondagens praticamente sem o apoio da cúpula do partido, e com uma campanha baseada em declarações racistas, misóginas e xenófobas. Nada disso bastou para arranhar seu apoio popular.
Trump segue favorito para as próximas primárias e caucus (assembleias) republicanos, e se aproxima cada vez mais de conseguir o número mínimo de delegados para garantir a nomeação do partido na convenção nacional de julho. ;O jeito de Trump de fazer política é uma novidade. Ele entende como ser ousado o suficiente para cativar a audiência e, assim, ganha muito mais atenção da mídia do que a média dos candidatos;, avalia John Llewellyn, especialista em retórica política e professor de comunicação da Wake Forest University, na Carolina do Norte.
O estudioso observa que o bilionário se apresenta como figura forte e assertiva, que cativa o eleitor cansado da polidez dos políticos tradicionais. ;Trump aparece e diz o que quer que venha à cabeça ; ao menos, aparenta ser espontâneo. Ele é muito confiante e transgressor;, descreve. ;Para pessoas que gostam da ideia de ter explicações simples para problemas complexos e que culpam os que estão à margem da sociedade, ele é a resposta;, explica.
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