postado em 15/03/2016 15:51
Ancara, Turquia - O ministério do Interior turco afirmou nesta terça-feira (15) que a suposta autora do atentado com carro-bomba que deixou 35 mortos no domingo em Ancara tinha vínculos com rebeldes curdos sírios.
[SAIBAMAIS]As autoridades assinalaram como autora dos ataques uma mulher, Seher Cagla Demir, que seria membro desde 2013 da formação turca Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Ela teria cruzado a Síria e recebido treinamento militar na organização terrorista YPG.
Apesar de nenhum grupo ter reivindicado o atentado, o primeiro-ministro conservador-islâmico Ahmet Davutoglu assegurou que os investigadores dispõem de elementos "muito sérios, quase certos", envolvendo a "organização terrorista separatista", designação habitual utilizada pelo regime para se referir ao PKK.
Poucas horas depois deste ataque, a aviação turca bombardeou várias bases do PKK no norte do Iraque, anunciou o Estado-Maior.
Dez caça-bombardeiros atingiram estas bases dos rebeldes curdos nos setores de Kandil e Gara, indicou a mesma fonte.
Na segunda-feira, a polícia turca deteve onze suspeitos de envolvimento com o atentado, segundo Davutoglu.
De acordo com a imprensa, entre 4 e 6 foram interpelados na localidade de Sanliurfa (sudeste).
A polícia realizou esta operação em função de informações de que o veículo utilizado no atentado havia sido comprado nesta cidade do sudeste de maioria curda, perto da fronteira com a Síria.
Uma mulher morta encontrada no local da explosão foi oficialmente identificada como uma suicida, segundo o porta-voz do governo, Numan Kurtulmus.
O atentado de domingo lembra o de 17 de fevereiro no mesmo bairro de Ancara, quando um veículo suicida foi detonado contra um ônibus militar matando 29 pessoas. Desta vez, no entanto, era dirigido contra civis.
O carro-bomba explodiu contra um ônibus em Kizilay, um bairro muito movimentado do centro da capital turca.
O atentado de fevereiro havia sido reivindicado pelos Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), um grupo dissidente dos rebeldes do PKK, que ameaçou com novos ataques contra alvos turísticos.
No domingo, as autoridades não atribuíram imediatamente o atentado aos rebeldes curdos, como fizeram em 1; de fevereiro, acusando os curdos sírios (as Unidades de Proteção do Povo, YPG) com apoio do PKK. As duas organizações negaram seu envolvimento.
Antes da trégua na Síria que entrou em vigor em 27 de fevereiro, a Turquia bombardeou várias vezes posições em território sírio das YPG, uma organização que Ancara considera aliada do PKK.
No ano passado foram retomados os combates entre as forças de segurança e o PKK em muitas cidades do sudeste da Turquia, de população majoritariamente curda.
Os combates colocaram fim à frágil trégua entre o governo e o PKK, que realiza uma insurreição armada desde 1984.