Centenas de pessoas foram às ruas, nesta quarta-feira, no centro de Madri, para mostrar sua rejeição ao pré-acordo sobre refugiados entre a União Europeia e a Turquia, alegando que é "ilegal e imoral".
Convocados sob o lema "Contra um acordo ilegal e imoral", os manifestantes levavam cartazes, nos quais se podia ler "UE: vendemos armas e deixamos vítimas" e "Nem guerras, nem fronteiras", e imagens do pequeno Aylan, o garoto sírio morto afogado em setembro passado em uma praia da cidade turca de Bodrum. Sua imagem se tornou símbolo da crise dos refugiados.
O pré-acordo "é vergonhoso, ilegal e fragiliza a Carta Internacional dos Direitos Humanos, o artigo 19 da Carta de Direitos Fundamentais da UE e a Convenção de Genebra para os Refugiados", afirmou a cantora espanhola Cristina del Valle ao ler o manifesto do ato, convocado por associações civis, sindicatos e partidos políticos.
"Com esse pré-acordo, o projeto de construção europeia mostra, de novo, sua deterioração com um acordo que transfere a crise dos refugiados para fora de suas fronteiras, abandonando os valores e os princípios que configuram a Europa como um espaço comum de liberdade, segurança e justiça", acrescentou o manifesto.
"Isso é vender as pessoas e traficar com elas", disse à AFP a aposentada Elena Sánchez, de 70 anos.
Segundo o pré-acordo com a Turquia, este país conteria as partidas por mar para Grécia e Europa e voltaria a acolher os imigrantes que chegam ilegalmente à Europa.
Por cada sírio que receber em seu território, Ancara enviará outro sírio para a UE, entre os 2,7 milhões que se refugiaram na Turquia.
O plano tem como objetivo ordenar as chegadas à Europa e desmantelar os grupos criminosos que organizam as perigosas travessias pelo mar.