Beirute, Líbano - As forças do regime sírio enfrentavam nesta terça-feira em violentos combates o grupo Estado Islâmico (EI) no centro da Síria, onde aplicaram um duro golpe nos jihadistas ao recuperar a cidade de Palmira.
Dois dias depois da tomada da cidade de Palmira, os combatentes do regime avançavam em direção ao sudoeste, se aproximando da localidade de Al Qaryatain, nas mãos dos jihadistas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Durante a noite, ocuparam várias colinas que dominam a cidade e enfrentaram os militantes do EI pela tarde, segundo o OSDH.
Segundo esta organização, com base na Grã-Bretanha, as tropas do regime contavam com o apoio forte de ataques aéreos sírios e russos.
A agência governamental Sana informou que o exército, ajudado pela milícia pró-governamental, tomou a zona rural ao sul de Al Qaryatain enquanto se aproximava da cidade.
O EI conquistou Al Qaryatain em agosto de 2015 e sequestrou ao menos 230 pessoas, entre elas dezenas de cristãos. Também destruiu seu famoso monastério de Mar Elian.
A cidade se encontra perto da principal estrada que une Palmira com a região de Qalamun, na província de Damasco, em direção a oeste.
A tomada no domingo da cidade de Palmira, conhecida como a "pérola do deserto" por seus imponentes templos, é considerada o golpe mais importante contra o grupo jihadista na Síria.
O ministro da Defesa sírio, Fahed Jasem al-Freij, disse nesta terça-feira que as forças do exército continuarão com suas ofensivas contra o EI até garantir "a vitória final" diante dos jihadistas, acrescentou a Sana.
"Levar a segurança e a estabilidade a Palmira é um passo essencial em direção à vitória final contra o terrorismo takfiri (extremistas muçulmanos sunitas)", disse Freik ao seu colega iraniano, Hossein Dehghan.
Além de Al Qaryatayn, as tropas do regime querem retomar Sokhne, cidade a leste de Palmira onde os jihadistas se entrincheiraram , segundo uma fonte militar.
Com Sokhne sob controle, o regime se aproximaria das entrada da província petrolífera de Deir Ezzor (leste), majoritariamente nas mãos do EI. Se ocupar Al-Kum, ao norte de Palmira, o exército sírio chegará às portas de Raqa, principal reduto do grupo jihadista.
Retirar as minas de Palmira
Em Palmira, os bairros residenciais pareciam uma cidade fantasma. A maioria de seus habitantes fugiram antes que o exército chegasse. Nesta terça-feira ainda não haviam voltado, segundo o OSDH.
O EI destruiu duas das joias da cidade antiga de Palmira, os templos de Bel e Baalshamin, assim como o Arco do Triunfo, algumas torres funerárias e o Leão de Al Lat.
O diretor do Departamento de Antiguidades e Museus da Síria, Maamun Abdelkarim, afirmou que serão necessários cinco anos para reabilitar os monumentos destruídos ou danificados pelo EI. Uma especialista da Unesco expressou, no entanto, suas dúvidas sobre a capacidade de restaurar o sítio.
As forças do regime desativavam as minas e bombas deixadas pelos jihadistas. Um primeiro grupo de especialistas russos em retirada de minas, equipados com detectores de minas e radares, além de cachorros, seguiu na manhã desta terça-feira a Palmira, segundo um meio de comunicação russo.
Moscou iniciou seu apoio aéreo às tropas do presidente Bashar al-Assad em setembro, com bombardeios dirigidos contra alvos terroristas.
Em março, no entanto, anunciou uma retirada parcial de suas forças, embora tenha advertido que continuaria lutando contra o EI e outros grupos jihadistas.