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Bélgica vai extraditar suspeito de atentado para a França

Salah Abdeslam, um dos terroristas que participaram do massacre em Paris, responderá pelos crimes perante a Justiça francesa. Transferência deve ocorrer em até 10 dias

Rodrigo Craveiro
postado em 01/04/2016 06:00


A Justiça da Bélgica autorizou ontem a extradição para a França de Salah Abdeslam, o principal suspeito dos atentados de 13 de novembro passado em Paris. Como o jihadista também é interrogado por suposto envolvimento nos ataques a Bruxelas, em 22 de março, o processo não deve ser iminente ; o prazo legal é de 10 dias. ;Salah Abdeslam declarou que estava de acordo em ser extraditado para a França. Por isso, um magistrado tomou formalmente o seu depoimento (ontem). A transferência é possível;, afirma um comunicado do Ministério Público de Bruxelas. ;As autoridades belgas e francesas decidirão as modalidades desta entrega;, acrescentou. Abdeslam fazia parte do comando de 10 jihadistas que executaram 130 pessoas em Paris. Ele teria dirigido o Renault Clio de cor preta que levou três homens-bomba até as imediações do Stade de France, onde ocorria um amistoso entre as seleções de França e Alemanha.

Jean-Charles Brisard, especialista em terrorismo e advogado de familiares das vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2001, considera que a extradição de Abdeslam será bastante importante para as famílias das vítimas. ;Ele esteve envolvido, de muitas maneiras, nos atentados contra Paris e poderia fornecer detalhes-chave sobre a preparação dos ataques;, explicou ao Correio. ;Além de Abdeslam ter ajudado os jihadistas a chegarem a Paris, buscando-os em vários locais do leste da Europa, ele preparou e participou do massacre daquela noite. Isso o torna o principal responsável pelos assassinatos.;

Sanções
De acordo com Brisard, as operações terroristas em Paris e em Bruxelas foram planejadas pela mesma rede. ;É prematuro entender qual papel Abdeslam desempenhou e qual conhecimento ele tinha sobre o que ocorreu na Bélgica. É óbvio que o fato de ele ter facilitado e participado de um crime terrorista na França o qualifica a sanções mais duras em Paris.;

Abdeslam, 26 anos, foi preso em 18 de março no subúrbio de Bruxelas. Quatro dias depois, três extremistas se explodiram no aeroporto de Zaventem e na estação de metrô de Maalbeek, ambos na capital belga. Os atentados deixaram 32 mortos e mais de 200 feridos. Cédric Moisse, advogado de Abdeslam, confirmou à agência France-Presse que o cliente pretendia colaborar com as autoridades francesas e não faria qualquer objeção ao mandado de prisão europeu.
O fato de Abdeslam ter se escondido por quatro meses em Bruxelas custou críticas às autoridades belgas e aos serviços de inteligência. A polícia francesa crê que ele desistiu de se explodir em Paris, abandonou o cinturão-bomba e fugiu para a Bélgica.

Protestos na França

Distúrbios e confrontos marcaram as greves e manifestações convocadas ontem na França contra a reforma trabalhista do governo socialista, iniciativa acusada de promover a precarização das relações de emprego. Segundo os sindicatos 1,2 milhão de pessoas foram às ruas em todo o país. Os números superam com folga os da manifestação de 9 de março, quando 450 mil manifestantes saíram às ruas. Mais de 100 pessoas foram detidas em Paris, Nantes, Rennes, Rouen e Toulouse.

O presidente François Hollande, do Partido Socialista, enfrenta a rejeição da base de esquerda ao projeto, considerado ;liberal; pelos sindicatos de trabalhadores. Dezenas de escolas foram bloqueadas e outras foram fechadas para evitar ;desdobramentos;. Milhares de manifestantes protestaram com cartazes em que se podia ler: ;Não mexa no código (trabalhista);.

Myriam El Khomri, ministra do Trabalho, reiterou que comreende ;as preocupações dos jovens;, mas defendeu uma lei ;necessária e justa;. ;De modo algum vamos retirar uma reforma inteligente, audaz e necessária;, reafirmou o primeiro-ministro Manuel Valls.

Os protestos afetaram sobretudo os transportes (metrô, trens). O transporte aéreo foi prejudicado por uma greve dos controladores aéreos. A Torre Eiffel, em Paris, foi fechada à visitação.

Flexibilidade
A reforma proposta por Hollande flexibiliza o mercado de trabalho em uma nação onde o desemprego superas 10%. O texto pretende dar maior margem de negociação às empresas, em especial sobre a duração da jornada diária de trabalho, e aliviar as normas sobre demissões. Diante das manifestações, o governo socialista renunciou às medidas mais criticadas, como a instauração de um máximo de indenização em caso de demissão abusiva.

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