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Obama alerta sobre ameaça nuclear de 'lunáticos' do EI

Durante uma reunião de cúpula sobre segurança nuclear em Washington, Obama pediu cooperação à comunidade internacional para evitar que os "terroristas" tenham acesso a materiais nucleares ou instalações nucleares

Agência France-Presse
postado em 01/04/2016 17:09


Washington, Estados Unidos - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, advertiu nesta sexta-feira sobre a ameaça de um ataque nuclear pelos "lunáticos" do grupo extremista Estado Islâmico, apesar dos esforços internacionais para evitá-lo.

Durante uma reunião de cúpula sobre segurança nuclear em Washington, Obama, que deixará a Casa Branca em janeiro, pediu cooperação à comunidade internacional para evitar que os "terroristas" tenham acesso a materiais nucleares ou instalações nucleares.

"Nós reduzimos esse risco. Mas a ameaça do terrorismo nuclear continua e continuará", declarou o presidente americano na abertura da sessão plenária da cúpula, a quarta dessas iniciativas lançadas por Obama em 2010.

Entre os participantes é crescente o temor de que grupos radicais possam obter material nuclear para uma "bomba suja", capaz de espalhar partículas radioativas no meio ambiente.

As preocupações sobre tais ataques aumentaram depois que foi revelado que dois dos envolvidos nos ataques de Bruxelas haviam obtido vídeos de vigilância mostrando todos os passos de um agente belga do setor nuclear.


"O EI já utilizou armas químicas, incluindo gás mostarda, na Síria e no Iraque", disse Obama. "Não há dúvida de que, se esses lunáticos conseguirem uma bomba nuclear ou material atômico para uma ;bomba suja;, definitivamente vão usá-los para matar tantas pessoas inocentes quanto puderem", acrescentou.

De acordo com o presidente americano, cerca de 2.000 toneladas de material nuclear estão armazenadas em todo o mundo em instalações civis e militares, algumas delas não totalmente seguras.

"Apenas uma pequena quantidade de plutônio - do tamanho de uma maçã - mataria e feriria milhares de pessoas inocentes", disse Obama, alertando para uma possível "catástrofe humanitária, política, econômica e ambiental, com ramificações globais ao longo de décadas."

Sanções contra Pyongyang
Mas as discussões dos líderes mundiais não se limitam ao risco nuclear jihadista.

Na quinta-feira, as discussões se concentraram principalmente na Coreia do Norte, que voltou a preocupar a comunidade internacional com seus testes nucleares e de mísseis banidos pela ONU.

A Coreia do Norte lançou nesta sexta-feira um novo míssil de curto alcance, que caiu no mar, mas um episódio desta nova crise que intensifica as tensões militares na península coreana.

Obama recebeu a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-Hye e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e os três líderes prometeram se "defender" contra a ameaça nuclear do regime de Pyongyang.

Também discutiu a questão em uma reunião bilateral com Xi Jinping, o presidente chinês cujo país é um aliado tradicional da Coreia do Norte.

"O presidente Xi e eu estamos comprometidos com a desnuclearização da península coreana e o plena cumprimento das sanções da ONU", disse Obama ao lado de seu colega chinês.

América Latina livre de urânio enriquecido
Durante a cúpula, que conta com a presença dos presidentes latino-americanos do México, Argentina e Chile, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, o governo de Buenos Aires informou que eliminou seus últimos quatro quilos de urânio altamente enriquecido, o que deixa toda a região livre deste material, anunciou a Casa Branca.

De acordo com o governo dos Estados Unidos, a Argentina já havia eliminado mais de 40 quilos de urânio altamente enriquecido, mas restavam quatro quilos que não podiam ser eliminados "por causa de sua forma e composição".

Apesar da numerosa presença de líderes mundiais, uma notável ausência ofuscou a cúpula, a do presidente russo, Vladimir Putin.

Especialistas dizem que a recusa de Putin impediu uma redução significativa dos materiais físseis, a maioria dos quais armazenados pela Rússia e Estados Unidos.

À margem da cúpula, as potências também analisaram uma questão que permanece em suspense entre a comunidade internacional nos últimos anos: o acordo nuclear com o Irã, que entrou em vigor em janeiro.

Obama estimou que levará tempo para que o Irã se reintegre plenamente à economia global, embora Teerã tenha expressado seu desacordo com o ritmo lento do levantamento das sanções.

"Levará tempo para que o Irã se reintegre à economia global, mas o Irã já está começando a sentir os benefícios deste acordo", disse Obama durante um encontro no âmbito da cúpula sobre segurança nuclear.

A comunidade internacional começou a suspender as sanções adotadas contra o Irã em troca de garantias concretas quanto ao caráter civil e pacífico do programa nuclear iraniano.

As discussões sobre a segurança nuclear vão incluir na parte da tarde uma troca em torno do cenário fictício de um incidente nuclear, algo inédito nas últimas quatro cúpulas, lançadas pela administração Obama em 2010.

O dia se encerrará com uma coletiva de imprensa do presidente americano.

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