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Países vão investigar governantes e celebridades citados no Panama Papers

Premiê da Islândia está sob ofensiva. Na Rússia, Putin culpa "americanos"

postado em 05/04/2016 06:00


Investigações judiciais foram abertas em vários países ao redor do mundo, em resposta às denúncias de corrupção publicadas no fim de semana pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung. Em parceria com o Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo (ICIJ, da sigla em inglês), o diário revelou parte do conteúdo do maior vazamento jornalístico de informações da história. Políticos, atletas, artistas e empresários estão entre os suspeitos de evasão fiscal e lavagem de dinheiro citados em 11,5 milhões de documentos da empresa de advocacia panamenha Mossack Fonseca.

As revelações, chamadas de Pamana Papers, cobrem o período entre 1997 e 2015 e mostram como pessoas físicas e jurídicas evitaram o pagamento de impostos, burlaram bloqueios internacionais e efetuaram ações às sombras da lei. França, Holanda, Espanha, Suécia, Austrália e Nova Zelândia estão entre os países que já abriram investigações. O presidente francês, François Hollande, defendeu a decisão da Justiça de apurar eventuais crimes. Autoridades australianas e neozelandesas também examinam as informações. Cerca de 800 australianos aparecem nos documentos, mas vários admitiram voluntariamente o desvio de impostos em um programa de anistia do governo, atualmente encerrado.

Islândia
A resposta mais incisiva veio da Islândia, onde o primeiro-ministro Sigmundur David Gunnlaugsson enfrentou ontem um protesto de centenas de cidadãos indignados. Eles ocuparam a praça central de Reykjavik, em frente ao parlamento, para exigir a renúncia do chefe de governo. Os documentos da Mossack Fonseca indicam que Gunnlaugsson e a mulher, Anna Sigurkaug Palsdottir, compraram a empresa offshore Wintris Inc., em dezembro de 2007, e se teriam se beneficiado de acordos firmados pelo premiê após a eleição.

Gunnlaugsson fez campanha prometendo jogo duro com credores estrangeiros e o fim do programa de austeridade. Ele chegou ao poder pouco depois de estourar no país uma crise financeira, que fez ruir em poucos dias os três maiores bancos islandeses, causando rancor contra as instituições financeiras. Políticos de oposição formalizaram ontem uma moção de censura contra o primeiro-ministro, sob a acusação de que ele teria agido de forma ilegal ao omitir investimentos no exterior ; o que não é permitido pela Constituição. Em meio à turbulência política, Gunnlaugsson garantiu que não renunciará.

Putin
Na contramão dos países que prometeram investigações, a Rússia acusou ex-agentes da Agência Central de Inteligência (CIA) e do Departamento de Estado americano de estarem por trás do vazamento. De acordo com Moscou, o principal objetivo das denúncias seria afetar a imagem do presidente Vladimir Putin. ;Há outros nomes que figuram (na investigação), mas está claro que o alvo principal desses ataques é o nosso país, o nosso presidente;, defendeu o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Putin está entre os mais importantes políticos suspeitos de atos ilícitos envolvendo empresas offshore citadas no vazamento. O Pamana Papers revelou que pessoas próximas a ele teriam desviado quase US$ 2 bilhões, com a ajuda de bancos e empresas de fachada. Um dos nomes citados é o de Serguei Roldouguin, músico com quem Putin mantém amizade desde a infância, e cujas empresas teriam comprado importantes setores da economia russa. Roldouguin controla ativos de cerca de US 100 milhões e ações no Banco Rossiya e na principal agência de publicidade para televisão da Rússia. ;Roldoguin e muitas outras pessoas continuam entre os amigos de Putin. Ele tem muitos amigos na Rússia e no exterior;, declarou Peskov.

Também é citado nos documentos Ian Cameron, pai do premiê britânico, David Cameron, falecido em 2011. A família real espanhola aparece com Pilar de Borbón, tia do rei Felipe VI, mas o país tem na lista também o diretor de cinema Pedro Almodóvar. Entre as celebridades mencionados estão o ator de Hong Kong Jackie Chan, o ex-atacante da seleção chilena Iván Zamorano e o melhor jogador de futebol do mundo pela Fifa, o argentino Leonel Messi.

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