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Presidente turco quer retirar nacionalidade de curdos do PKK

"Os partidários (do PKK) que se apresentam como universitários, espiões que se identificam como jornalistas, um ativista disfarçado de político não são muito diferentes de terroristas que jogam bombas", atacou Recep Tayyip Erdogan

postado em 05/04/2016 17:15


Ancara, Turquia - O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, voltou a endurecer o tom, nesta terça-feira, contra os rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e propôs privar seus "partidários" da nacionalidade turca, apesar das críticas que denunciam uma já excessiva repressão.

Nove meses depois da retomada do conflito curdo, Erdogan descartou - sem surpresa - qualquer possibilidade de discussão com o PKK. Pela primeira vez, o presidente sugeriu retirar a cidadania turca de todos aqueles que - segundo ele - seriam seus "cúmplices". A medida incluiria advogados, intelectuais, jornalistas e políticos.

"Para evitar que causem danos, temos de tomar todas as medidas, incluindo retirar a nacionalidade dos simpatizantes da organização terrorista", declarou em discurso para uma plateia de advogados em Ancara.

"Essas pessoas não merecem ser nossos concidadãos (...) não somos obrigados a levar nas nossas costas quem quer que esteja engajado com uma traição para com seu país e seu povo", continuou.

"Os partidários (do PKK) que se apresentam como universitários, espiões que se identificam como jornalistas, um ativista disfarçado de político (...) não são muito diferentes de terroristas que jogam bombas", atacou.



Depois de mais de dois anos de cessar-fogo, o conflito curdo foi retomado no verão passado. Isso significou um duro golpe nas negociações de paz iniciadas em 2012 entre o governo e o PKK, com o objetivo de pôr fim a uma revolta que já deixou 40 mil mortos desde 1984.

Um grupo radical dissidente do PKK, os Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), assumiu a autoria de dois atentados com carro-bomba em fevereiro e março, no coração de Ancara. Mais de 60 pessoas morreram nesses episódios.

Em janeiro, estudantes universitários firmaram um abaixo-assinado, no qual denunciaram os "massacres" cometidos pelo Exército contra os civis no sudeste do país. Três estão presos e serão processados, podendo ser condenados a passar até sete anos e meio atrás das grades.

Outra medida já adotada pelo governo foi a suspensão da imunidade de vários políticos do Partido Democrático dos Povos (HDP, pró-curdos). Esse partido defendeu uma forma de autonomia para a minoria curda do país, correspondente a 20% da população.

Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, denunciou o "caminho muito preocupante" tomado pela Turquia em matéria de liberdade de imprensa. Erdogan reagiu duramente, rejeitando "qualquer lição de democracia".

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