Agência France-Presse
postado em 06/04/2016 19:24
Abalados pelo escândalo dos "Panama Papers" que derrubou seu primeiro-ministro, os partidos de direita no poder na Islândia nomearam o ministro da Agricultura como novo chefe de governo, nesta quarta-feira.Segundo o acordo obtido nesta quarta à noite entre o Partido do Progresso e o Partido da Independência, Sigurdur Ingi Johannsson, de 53 anos, substitui Sigmundur David Gunnlaugsson, de 41, anunciou no Parlamento o deputado da maioria H;skuldur Thorhallsson.
Gunnlaugsson renunciou ontem ao cargo, mas mantém, até segunda ordem, a presidência do Partido do Progresso.
"Vamos continuar a trabalhar juntos. Esperamos, evidentemente, que isso traga estabilidade política", declarou Johannsson ao Parlamento.
O novo premiê já convocou eleições legislativas antecipadas.
"Prevemos organizar eleições neste outono (hemisfério norte)", ou seja, cerca de seis meses, antes do fim da legislatura atual que, em condições normais, iria até a primavera de 2017, declarou Sigurdur Ingi Johannsson.
A situação ficou insustentável para Gunnlaugsson, depois que uma grande investigação jornalística revelou a existência de uma empresa de fachada criada por sua esposa, Anna Sigurlaug Palsdottir, nas Ilhas Virgens britânicas em 2007, onde colocou milhões de dólares.
Mais de 24.000 pessoas, em um país de 320.000 habitantes, assinaram uma petição on-line para pedir sua renúncia, e milhares protestaram diante do Parlamento com o mesmo objetivo.
A oposição de esquerda anunciou que apresentaria uma moção de censura.
O presidente Olafur Ragnar Grimsson, que retornou de forma precipitada de uma viagem particular aos Estados Unidos, negou o pedido de Gunnlaugsson de dissolver o Parlamento e convocar novas eleições.
Segundo os documentos publicados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), o primeiro-ministro possuía 50% da empresa de fachada Wintris Inc, destinada a administrar o patrimônio de sua mulher, herdeira de um magnata.
No fim de 2009, Gunnlaugsson vendeu a empresa para sua esposa pela simbólica quantia de 1 dólar. Quando foi eleito deputado pelo Partido do Progresso pela primeira vez, em abril de 2009, omitiu esta participação em seu imposto de renda.